ATA DA DÉCIMA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22-7-1999.
Aos vinte e dois dias do mês de julho do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às nove horas e trinta minutos foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Guilherme Barbosa, João Dib, José Valdir, Juarez
Pinheiro e Lauro Hagemann, Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Nereu D’Ávila, Paulo Brum e
Reginaldo Pujol, Titulares, e Cyro Martini, Fernando Záchia, Gilberto Batista,
Hélio Corbellini, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Maristela Maffei e Renato
Guimarães, Não-Titulares. Constatada a existência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em
avulsos de cópias da Décima Terceira Reunião Ordinária, que foi aprovada. À
MESA foram encaminhados: pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de
Providências; pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador
Eliseu Sabino, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, 02
Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 370, 371, 372,
373, 374, 376 e 377/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia discorreu sobre prejuízos
sofridos por permissionários do Mercado Rui Barbosa, face colocação de placa
indicativa de instalação de terminal de transporte coletivo no local, sugerindo
seja realizada reunião entre representantes do Executivo Municipal e esses
permissionários, a fim de buscar soluções para o problema. O Vereador Cláudio
Sebenelo referiu-se à votação do Requerimento nº 163/99, de autoria do Vereador
Isaac Ainhorn, o qual solicita a formação de Comissão Temporária para verificar
a execução do Plano de Investimentos do Executivo referente ao ano de mil
novecentos e noventa e oito, comentando a função fiscalizadora a ser exercida
por este Legislativo e criticando a posição da Bancada do PT com relação ao
assunto. O Vereador Lauro Hagemann falou de Projeto de Lei em tramitação no
Congresso Nacional, que prevê a instituição de um imposto para patrocinar
programas de combate à pobreza. Ainda, registrou o transcurso, no dia primeiro
de agosto do corrente, dos cento e setenta e cinco anos da chegada dos
primeiros imigrantes alemães no Estado, ressaltando a influência do trabalho
desses imigrantes para o crescimento do Rio Grande do Sul. O Vereador João Dib
teceu críticas aos posicionamentos adotados pelo Governo do Estado com
referência à instalação de uma montadora de automóveis da Empresa Ford no Rio
Grande do Sul, destacando o acompanhamento feito pelos Vereadores da Casa com
relação ao tema. Também, analisou o Programa de Orçamento Participativo
implantado em Porto Alegre, salientando a importância da função fiscalizadora
exercida por este Legislativo. O Vereador Luiz Braz examinou correspondência
escrita por funcionários ligados à Fundação de Educação Social e Comunitária -
FESC, enviada para a Presidenta dessa Entidade e para Vereadores da Casa, na
qual é denunciada a existência de problemas no Abrigo de Adolescentes Ingá
Britta, especialmente com relação à contratação de pessoal e ao índice de periculosidade
das atividades dos monitores. O Vereador Guilherme Barbosa contraditou o
pronunciamento do Vereador Luiz Braz, dizendo que não ocorrerão punições a
funcionários do Abrigo de Adolescentes Ingá Britta, em função de denúncias
efetuadas sobre problemas verificados nessa instituição. Rebateu críticas à
não-instalação, no Estado, de montadora da Empresa Ford e relatou modificações
feitas pelo Governo Estadual em projetos sociais do ex-Governador Antônio
Britto. O Vereador Reginaldo Pujol abordou o tema da não-instalação de montadora
da Empresa Ford no Estado. Reportou-se ao calendário de obras do Orçamento
Participativo de Porto Alegre, tecendo críticas quanto às demandas pendentes
nesse cronograma e denunciando ter o Executivo Municipal programado obras sem
dispor de recursos para a sua realização. Após, o Senhor Presidente convidou a
todos para assistirem, hoje, às vinte e uma horas e trinta minutos, a programa
do Canal 20 da NET, relativo ao funcionamento das diretorias desta Casa. A
seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi
aprovado o Requerimento nº 147/99 (Processo nº 2033/99 - Moção de Solidariedade
ao centésimo trigésimo primeiro aniversário da Sociedade Partenon Literário),
de autoria do Vereador Cyro Martini. Foi aprovado o Requerimento nº 164/99
(Processo nº 2349/99 - Moção de Solidariedade ao Destacamento do Centro da
Brigada Militar, pela proposta de instalação de um circuito de TV nas principais
vias do Centro), de autoria do Vereador Adeli Sell, por onze votos SIM, após
ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell, João Dib, Reginaldo
Pujol e Cláudio Sebenelo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Nereu
D’Ávila, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo,
Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Dib, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell
criticou o Senador Antônio Carlos Magalhães por sua postura com relação às
políticas de combate à pobreza no País, propugnando pela aprovação, no
Congresso Nacional, do projeto que cria o imposto sobre grandes fortunas e do
projeto de renda mínima, de autoria do Senador Eduardo Suplicy. Também,
comentou projeto de sua autoria, que estabelece a cobrança de Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza, ISSQN, sobre o faturamento dos serviços de telefone
0900, sobre flats e apart-hotéis e sobre os cartórios. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou que será convocada extraordinariamente esta Casa nos dias
vinte e oito e vinte e nove de julho do corrente, para apreciação do Plano
Diretor e Desenvolvimento Urbano Ambiental. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Antônio
Losada referiu-se ao discurso do Vereador Adeli Sell, relembrando a luta de
entidades sindicais de trabalhadores em Cartórios para o recolhimento da
contribuição para a Previdência Social. Ainda, teceu considerações sobre questões
referentes à saúde pública, destacando Projeto de Lei do Executivo que cria
cargos nas áreas da saúde e da educação e Projeto de Lei de sua autoria,
instituindo a semana comemorativa à Declaração dos Direitos Humanos. O Vereador
Cláudio Sebenelo analisou questões relativas à saúde pública em Porto Alegre,
defendendo a implantação de uma rede municipal de saúde dividida em distritos e
apoiada na participação comunitária. Também, falou de Projeto de Lei do Executivo
que cria novos cargos na área da saúde, declarando que essa providência já
deveria ter sido tomada, devido à situação em que se encontra a saúde no Município.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn manifestou sua preocupação
com declaração à imprensa efetuada pelo Vereador Juarez Pinheiro, sobre o
Projeto de Lei Complementar do Executivo que estabelece o aumento do Imposto
Predial e Territorial Urbano de Porto Alegre, tecendo considerações acerca
deste projeto e afirmando que a correspondente Planta de Valores não poderá ser
alterada no momento, visto ser anexa à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Em
COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maristela Maffei referiu-se à construção de posto de
saúde e a obras de saneamento básico no Bairro Lomba do Pinheiro, declarando a
importância da aplicação de recursos públicos em programas de prevenção à
saúde. Ainda, destacou a importância da participação da comunidade para a
concretização de projetos de melhorias nos bairros da Cidade. O Vereador
Guilherme Barbosa, reportando-se ao discurso do Vereador Cláudio Sebenelo,
discorreu acerca dos investimentos efetuados pelo Executivo Municipal na área
da saúde pública, tecendo considerações sobre os critérios adotados no processo
de municipalização da saúde, e criticou o Governo Federal pela forma como administra
e realiza o repasse de recursos destinados aos municípios. O Vereador João Dib
contraditou o discurso do Vereador Guilherme Barbosa, afirmando que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre não aplica na área da saúde pública os
recursos determinados pela Lei Orgânica. Também, referiu-se à contratação, pelo
Executivo Municipal, de funcionários através do sistema de cartas-contrato, declarando
ser ilegal tal procedimento. O Vereador Isaac Ainhorn manifestou-se acerca de
denúncias publicadas na imprensa pelo PMDB, de que as obras previstas no
Orçamento Participativo de Porto Alegre não vêm sendo executadas, dizendo que a
população deve examinar a procedência de tais alegações. Ainda, teceu
comentários sobre o resultado da votação do Requerimento nº 163/99, de sua
autoria, de criação de Comissão Temporária para verificar o Plano de Investimentos
do Executivo de mil novecentos e noventa e oito. O Vereador José Valdir,
referindo-se ao pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn, questionou a existência
de governos municipais que tornaram públicas relações de projetos e obras para
acompanhamento pela população porto-alegrense, destacando a importância da
participação popular na busca da realização de seus interesses e esclarecendo
os motivos pelos quais votou contrariamente ao Requerimento nº 163/99. Na
ocasião, o Vereador Isaac Ainhorn manifestou-se sobre o pronunciamento do
Vereador José Valdir. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro criticou a
publicação, pelo PMDB, do texto "Orçamento Participativo 98 - A
Manipulação da Vontade Popular", declarando estar ocorrendo disputa
política e falta de confiança na auto-organização da população. Também,
reportou-se a notícias sobre a privatização de bancos pelo Governo Federal,
veiculadas hoje no jornal Folha de São Paulo. O Vereador Luiz Braz, comentando
discursos dos Vereadores Juarez Pinheiro e José Valdir, afirmou ser o Plenário
o recurso soberano para os Vereadores que se sentirem atingidos por decisões da
presidência dos trabalhos. Declarou que as discussões em torno do Orçamento
Participativo da Capital omitem a progressão de arrecadação do IPTU e criticou
o corte do Programa do Leite pelo Governo do Estado. Na oportunidade, o
Vereador Isaac Ainhorn, através de Questão de Ordem, requereu a retificação de
data constante na Ata da Décima Terceira Reunião Ordinária, o que foi deferido
pelo Senhor Presidente. O Vereador Reginaldo Pujol teceu críticas ao Executivo
Municipal no que se refere à forma como são realizadas as publicações das obras
elencadas pelo Orçamento Participativo e a contratação dos recursos para a
execução das mesmas, afirmando existir falta de seriedade e indução à crença de
que a população decide sobre matérias que não são de sua competência. O
Vereador Cyro Martini discorreu sobre a importância da divulgação de medidas e
normas de conduta que objetivam a educação no trânsito, destacando que a Semana
Nacional do Motorista deveria ser comemorada através da realização de programas
educativos. Defendeu a priorização do assunto pelos governantes, para que
possam ser tomadas medidas efetivas que diminuam o número de acidentes de
trânsito no País. Às treze horas e nove minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Extraordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e secretariados pelos Vereadores
Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada por todos
os Senhores Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
terça-feira, nós recebemos alguns permissionários do Mercado Público provisório
da Praça Rui Barbosa. Estivemos no local e constatamos a precariedade do
funcionamento daquele Mercado.
Os
permissionários nos colocaram as suas dificuldades e, principalmente, a
surpresa de que, no sábado passado, foi colocada uma placa, por parte da EPTC,
onde consta: “Futuro terminal do transporte coletivo”. Os permissionários sabem
que aquele Mercado é provisório, embora um provisório praticamente permanente,
porque faz 30 anos que os permissionários estão naquele local. Mas a maior
surpresa e mágoa dos mesmos foi que nenhum aviso foi dado aos permissionários.
Simplesmente, colocaram uma placa, dizendo que seria instalado ali este futuro
terminal de transporte coletivo. O que aconteceu? Na segunda-feira, alguns
fornecedores já manifestaram o seu desejo de não entregar mercadorias, porque
estavam apreensivos com a possibilidade desta retirada. Tentamos, no dia de
ontem, agendar uma reunião com o Secretário Municipal de Indústria e Comércio
que nos informou que, na sua agenda, ele só teria data para o dia 4 de agosto.
Particularmente, nós achamos que esperar até o dia 4 de agosto para reunir os
permissionários é um tempo demasiado, até porque está causando uma angústia
muito grande naqueles permissionários que, hoje, são quarenta e sete e dão
emprego a trezentas pessoas. Eles estão muito preocupados com essa situação e
de que forma vai ser o encaminhamento.
Então,
a nossa solicitação, e fazemos perante a bancada governista, é para que
possamos fazer a intermediação de uma reunião, aqui nesta Casa, com os
permissionários, com a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio e com a
EPTC para que possamos dar o encaminhamento de como ficará o caso desses
permissionários. Para que local eles serão deslocados? Eles registraram que
estão em dia com seus pagamentos que variam numa média de 200 reais por mês.
Também nos colocaram que quase todas as obras de benfeitorias, quando são
realizadas, são realizadas pelos próprios permissionários. Mas nós constatamos
que aquele local está muito precário, realmente, as condições são mínimas.
Nós pedimos à bancada governista que, o quanto antes, no início da semana que vem, façamos essa reunião entre os permissionários, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio e a EPTC para vermos o desdobramento, quando começará esse terminal de transporte coletivo, se começará mesmo, e para onde esses permissionários serão relocados, porque há trinta anos alguns mudaram para aquele local com a promessa de retornar para um melhor e isso não foi feito. Portanto, é essa sensibilidade que esperamos por parte do Poder Executivo.
A
mágoa maior desses permissionários é a forma como aconteceu: colocaram uma
placa e nenhum aviso dizendo de que maneira seria feito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder, pelo PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Dr.
Caio Tomazeli está entrando no rol daqueles que publicam livros, vistos pela
sociedade não como uma forma mais atraente ou poética ou romântica. Na verdade,
a sua tese de doutorado sobre democracia direta e democracia representativa, na
crise em que se envolve a democracia representativa vemos uma forma de um certo
aproveitamento dessa crise, através da democracia direta, que é, muitas vezes,
emergente, de baixo para cima, saudável. Mas quando ela trata da eliminação do
instamento político para que as autoridades se comuniquem diretamente com a
população, isso se torna um jogo perigoso, autoritário, autocrático, como o
queriam os célebres populistas da década de 30 e 40, monarcas do tipo Salazar,
Franco, Halié Selassié, Mussolini, Hitler e tantos outros que faziam a
democracia direta, que falavam diretamente com o povo, mas o faziam eliminando
as estruturas políticas intermediárias dos interesses povo e Estado. E nós
sabemos o quão funesto foi para a humanidade, e o quanto está certo Eric
Hobsbawn, no seu livro “A Era dos Extremos” em classificar como “a era das
catástrofes” os primeiros cinqüenta anos em que o populismo, o absolutismo e as
ditaduras minaram o mundo com uma mentalidade dependente, autocrática e de
períodos insuportáveis, na nossa história, de opressão. Pois é exatamente esse
o grande debate que se faz quando, por exemplo, ontem, o Ver. Isaac Ainhorn
apresentou uma proposta de formação de uma comissão temporária para fiscalizar,
para esmiuçar o que está sendo feito no Orçamento Participativo, o que está
sendo cumprido e o que não está. Aqui não está em jogo o Orçamento
Participativo, como instituição, mas a sua execução e fiscalização, como é
obrigação deste Plenário e destes Vereadores que exercem o seu mandato.
Por
isso, acho que o Partido dos Trabalhadores, ontem, deu uma demonstração de que
não quer ser fiscalizado, que não deseja nenhuma Comissão avaliando o seu
trabalho do Orçamento Participativo que, na sua súmula, na sua síntese, se
fosse de baixo para cima teria, indiscutivelmente, esse valor isento,
espontâneo e de uma natureza absolutamente intocada pelos interesses
partidários.
Por
isso parece-me que, ontem, tivemos a cabal demonstração e a péssima repercussão
que isso teve na sociedade de que o Partido dos Trabalhadores não deseja ser
fiscalizado. A negativa da Bancada do Partido dos Trabalhadores de se instituir
uma Comissão Temporária, cuja proposição foi do Ver. Isaac Ainhorn, parece-me
que não surtiu esse efeito tão defensível do PT, e sim foi um gravame que terão
que levar pelo restante da Legislatura como uma negativa, como uma falta de
transparência e, mais do que isso, o medo da fiscalização. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Nereu D’Ávila assumirá a
presidência dos trabalhos.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo seu
Partido, o PPS.
(O
Sr. Nereu D’Ávila assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
realmente este País está virado de pernas para o ar. A última e quase
inacreditável informação é de que brigam, em Brasília, o Presidente do Senado e
o Presidente da República e, também, com a interveniência, já, do relator do
processo pela criação de um imposto para combater a pobreza. Este País não é
sério. Não se pode conceber com uma mente sã a extensão dessa diatribe. Porque
não há outra palavra para qualificar tal tipo de proposição. O País assiste
inerte, quase, a essas tentativas de solução dos problemas que têm outros rumos
para serem corrigidas e não esses. Mas, infelizmente, nós vivemos neste País,
no final do século, no final do milênio, não sei se isto tem alguma coisa a ver
com a cabeça das pessoas, e principalmente com os que dirigem este País.
Mas
o motivo da minha presença na tribuna, hoje, Srs. Vereadores é para registrar
que domingo vai-se comemorar os 175 anos da Imigração Alemã para o Rio Grande
do Sul. É um acontecimento que a história registra com muita satisfação, porque
essa corrente migratória impulsionou o desenvolvimento do Rio Grande. No
momento em que as coisas aqui estavam saindo da relativa calma da Independência
do País, e passando para um estágio diferente, e com as nossas relações com a
vizinhança do Prata, muito complicada. A Saga dos alemães que desembarcaram na feitoria
do Rio Cânhamo, em 25 de julho de 1924 atesta todo esse desenvolvimento e nós
temos relatos impressionantes, um deles é o do nosso escritor, saudoso Josué
Guimarães, com a sua obra “ A Ferro e Fogo”, ali estão relatadas as principais
peripécias dos colonos alemães que vieram para a nossa São Leopoldo de hoje, e
que se esparramaram pelo Estado. É notável de ler-se a obra do Josué Guimarães,
para se conhecer um pouco do que foi a história daqueles imigrantes. Ao se
consolidarem na colônia, na nova terra inóspita, adversa, sem nenhum apoio
governamental, como aqueles colonos, como aquela sociedade que foi transposta
da Europa para cá, se comportou num novo ambiente, num novo mundo. E isso cabe
à história rio-grandense registrar com muito carinho. Como descendente de
alemães, sinto-me no dever de ressaltar esse acontecimento, porque a história
brasileira seria contada de maneira diferente se não fosse essa contribuição.
Por
isso, no dia 25, domingo, nós rememoraremos, com muito carinho, a chegada dos
primeiros colonos alemães ao Rio Grande do Sul, há 175 anos. Já é alguma coisa,
quando nós comemoraremos, daqui a alguns meses, os 500 anos do descobrimento
desta terra. Os alemães ajudaram muito o Rio Grande do Sul e o Brasil e ainda
continuam ajudando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D´Ávila): O Ver. João Dib está com a palavra em
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem,
recebi de um atento correligionário um recorte de notícia publicada na coluna
de Armando Burd sobre a Ford, intitulada de “Pingos nos is”, dizendo que o
jornal de Brasília publicou uma entrevista em que o Governador Olívio Dutra
afirma: “Posso garantir que não precisamos da Ford no Estado. Tudo o que ela
prometeu, com mil e quinhentos empregos, nós temos condições de fazer. Aliás,
podemos fazer o dobro disso. O Rio Grande do Sul não perde com a saída da Ford,
mas ganha. Além disso, não fomos eleitos para dar continuidade à política do
governo anterior.”
Realmente,
o Governador do Estado não estava interessado que a Ford ficasse aqui, porque
era uma boa iniciativa da administração anterior. Eu sempre digo que troca o
governante, mas a administração continua. Mas aqui parece que o Governador do
Estado e a sua equipe não entendem assim. E depois as representações petistas
vêm aqui para a tribuna para agredir aqueles que fizeram com que a Ford fosse
para a Bahia. Teriam que agredir o Sr. Zeca Moraes, o Sr. Olívio Dutra, e
outros tantos que impediram e que declararam que não queriam a Ford aqui. Está
declarado pelo nobre Governador do Estado, que é meu governador também.
E
agora há uma empresa britânica que quer se instalar em Farroupilha, e o Sr.
Zeca Moraes já está dizendo que não é bem assim. Mas eu estou trazendo essa notícia
à tona, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, porque esta Casa, no momento em que se
discutia e que havia uma viabilidade de a Ford permanecer no Rio Grande do Sul,
constituiu uma comissão e foi lá na Assembléia Legislativa dar a sua
contribuição para que houvesse possibilidade de termos a Ford, apesar da
contrariedade do Governador do Estado, do Sr. Zeca Moraes e dos que o
acompanham. Quando o momento exigiu uma comissão, essa comissão foi organizada
e nós fomos lá dar a nossa contribuição.
Eu
tenho em mãos aqui o livro “O poder do Vereador” e tenho aqui o poder-dever de
fiscalizar. Eu tenho dito reiteradas vezes que a missão mais importante do
Vereador não é fazer leis; é fiscalizar o cumprimento de leis, porque neste
País há lei em excesso, e leis não são cumpridas. Nem a lei orgânica do
Município o Prefeito cumpre, e a Casa deixa passar. Portanto, nós não
fiscalizamos. Agora, quando a Casa pediu a constituição de uma comissão para
examinar um fato, no momento preciso - e é quando deve ser feita a fiscalização
-, nós tivemos o desprazer de ver o Presidente da Casa usar a triste
contribuição de se posicionar contrariamente à fiscalização, que é a primeira
missão do Vereador.
Recentemente,
também tivemos um desempate, é a primeira missão do Vereador, nós perdemos de
novo.
Então,
eu quero que fique claro: a primeira missão do Vereador é fiscalizar e, ontem,
fomos impedidos de fazê-lo.
Se
há uma confusão grande, se as bancadas se atritam, é preciso estabelecer a
verdade.
Claro,
que a verdade já estava estabelecida, no meu entendimento, quando o Dr.
Ubiratan, Coordenador do Orçamento Participativo de Porto Alegre, declarava
para a Gazeta Mercantil que 52% das obras sequer haviam sido iniciadas e 48%
que estavam em andamento, na sua maior parte, não estavam próximas da
conclusão. Declaração do Coordenador, e esta Casa perdeu a grande oportunidade
de fazer um debate para buscar a realidade.
Vejo
agora que o PT não quer a institucionalização do Orçamento Participativo, tanto
que está ingressando em juízo contra os COREDES do Estado, argumentando,
inclusive, com algumas medidas e posições que contrariam a defesa que tem feito
do Orçamento Participativo.
O
Deputado Bernardo de Souza colocou a sua preocupação com o posicionamento do
Executivo Estadual, nós aqui estamos preocupados por não poder fiscalizar.
Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, temos
aqui neste Plenário alguém que já administrou a FESC, Ver. José Valdir.
Nós
temos acompanhado muito de perto o trabalho realizado pela FESC, que é esta
fundação encarregada da assistência social no Município de Porto Alegre.
Ver.
José Valdir, V. Exa. deve se interessar por este texto que eu vou ler aqui na
tribuna, porque ele foi produzido por funcionários ligados à Fundação. É uma
correspondência enviada para a Presidenta da Fundação de Educação Social e
Comunitária, Sra. Ana Paula Motta Costa. Todos nós, Vereadores devemos ficar
atentos a essa situação que está sendo descrita pelos funcionários da FESC.
A
correspondência diz assim: (Lê.)
“Vimos
por meio deste ofício, comunicar e informar a situação precária e de alto
índice de periculosidade em que nossa atividade de monitor do Abrigo de
Adolescentes Ingá Britta, atualmente se encontra, sobretudo em razão dos fatos
abaixo relacionados:
1.
Saída dos monitores terceirizados e substituição parcial por monitores de
carta-contrato;” - as tão famosas cartas-contrato, em nosso Município, que
ajudam a Administração a fazer com que pessoas que, muitas vezes, não estão
habilitadas, estejam exercendo funções nos mais diversos órgãos do Município -
;
“2.A
substituição dos monitores terceirizados deu-se desproporcionalmente, pois serão
admitidos por carta-contrato 3 (três) mulheres e 1 (um) homem, e sairão 5
(cinco) homens e 3 (três) mulheres, ou seja, teremos uma defasagem de 4 (quatro
homens), sendo que cada plantão contará com tão-somente um monitor homem que
nunca poderá ausentar-se, ficar doente, tirar férias ou ter qualquer
imprevisto;
3.
Na data de 3 de julho, o plantão noturno foi composto por somente duas
monitoras mulheres para o acompanhamento de trinta e cinco adolescentes de 14 a
18 anos. Tal situação é de extrema fragilidade, visto que, em caso de brigas
entre os adolescentes masculinos, fica difícil que as duas monitoras apartem e
controlem a situação, por motivos óbvios;
4.
O banho dos adolescentes é controlado por monitores masculinos que, na falta
deles, fica absolutamente inviável, pois o banho não pode ser controlado por
monitoras mulheres, em razão da possibilidade de serem molestadas sexualmente
ou responderem por assédio;
5.
Outra situação a ser levada em conta é a possibilidade de afastamento de uma
monitora em caso de acompanhamento de adolescente ao atendimento médico, fato
este que é comum no abrigo na falta da auxiliar de enfermagem. Neste caso é
absolutamente reprovável a permanência de somente uma monitora para o controle
de todo o abrigo.
6.
O risco de agressões de adolescentes a monitoras é um fato que não deve ser
descartado, em virtude da ausência e diminuição do quadro masculino de
monitores do Abrigo Ingá Britta.
Em
face dos fatos acima elencados, juntamente com a realidade altamente tensa
vivida em abrigos para a manutenção e proteção de adolescentes, sob pena de
termos uma diminuição da qualidade dos serviços prestados nesta instituição,
requeremos uma célere e eficaz atuação da FESC junto ao Abrigo Municipal Ingá
Britta, com o intuito de resolver e minorar os graves problemas constatados
pelos signatários desta, uma vez que a atual situação deste estabelecimento
pode propiciar fatos atentatórios à integridade física de seus funcionários e
residentes, gerando a responsabilização da Administração Municipal.” E segue a
assinatura dos funcionários.
Eu só espero que esta correspondência, que foi enviada por funcionários para a Presidente dessa entidade, com cópia para alguns Vereadores e com cópia, também para o Prefeito, Vice-Prefeito, Líderes de Bancadas da Câmara Municipal, eu espero que esta correspondência não enseje o afastamento desses funcionários ou algum processo contra esses funcionários, como aconteceu com aquele “azulzinho”, que ao denunciar problemas nas cobranças das multas, acabou sendo vítima de uma ação por parte da Administração Pública do Município, administração do PT, querendo afastar esse funcionário dos quadros da Prefeitura Municipal. Espero que esses funcionários, ao tentar denunciar esses problemas com a administração da FESC no Abrigo Ingá Britta, também não sejam vítimas desta mesma violência. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, das
várias manifestações trazidas nesta tribuna, queremos comentar esta última do
Ver. Luiz Braz. Tomei conhecimento, também, da correspondência e fiz contato
com a Presidente da FESC, Sra. Ana Paula Motta Costa, que já tem
encaminhamento, Ver. Luiz Braz, com relação a isso. Essa preocupação de
servidor ou concursado, masculino ou feminino, inclusive aconteceu no próprio
concurso realizado, isto é, apareceram muito mais candidatos femininos do que
masculinos. Então, é uma preocupação, sim, da presidência da FESC, de como
cobrir esse aspecto, porque alguns dos problemas levantados são verdadeiros,
como a questão da segurança, e a direção da FESC está vendo como suprir. Afirma
a Presidente que tem conseguido e não tem havido problema no trabalho, mas que também
se preocupa em recolocar o pessoal para dar segurança como antes. Com certeza,
ninguém será punido, até porque o que aconteceu era uma repetição de
inverdades, uma situação diferenciada.
Com
relação às montadoras eu acho que o tempo vai mostrando as razões, tudo o que
aconteceu de fato, a emoção vai diminuindo e a razão vai tomando conta.
Hoje,
por exemplo, eu escutava o Governador de Santa Catarina, que se diz favorável
aos incentivos na Bahia, mas numa parte da fala o Sr. Governador Esperidião Amin,
na rádio Gaúcha, foi exemplar. Ele disse: (Lê.) “Foi uma insensatez o que os
estados brasileiros fizeram ao longo do tempo em dar esse nível de incentivo às
montadoras; que o resultado disso é vantagem para as empresas automobilísticas
e que os estados perdem, no conjunto, mas como isso foi sendo feito até agora
não tem por que reclamar no caso da Bahia.” Ou seja, foi bem no início o Sr.
Governador e concluiu assim: “se a gente errou antes, devemos continuar
errando.” É uma incongruência, por isso quis registrar essa fala do Sr.
Governador Esperidião Amin. Foi uma barbaridade o que os estados fizeram, a
vantagem tem sido das montadoras, o Sr. Esperidião Amin colocou isso.
Então,
eu já referi aqui estudos trazidos pelo Jornal do Brasil que mostram, a mancheias,
estudos sérios feitos pela Fundação Getúlio Vargas, sobre quem lucrou com esse
processo de montadoras. Queríamos que a Montadora Ford ficasse no Estado, com
outras condições. A Montadora GM - que poderia ter “endurecido” se quisesse,
com 90% da fábrica construída - ficou com 100 milhões a menos. O Estado
economizou 100 milhões com pouco tempo de conversa com a Montadora GM. A Del
Computer vai continuar em Alvorada e vai investir 10 milhões a mais do que
investiria em treinamento de pessoas do Rio Grande do Sul. Portanto, é outra
forma de trabalhar.
Da
mesma maneira as modificações que trouxemos na questão do “Mãos Dadas”, onde
não havia controle algum naquele processo, não aumentou a receita do Estado. O
“Paguei Quero Nota” e o “Mãos Dadas” não aumentaram a receita, não havia
controle algum da verba pública. Hoje está nos jornais que a CEASA, a
Secretaria da Agricultura, o Gabinete da Primeira Dama modificam um projeto
chamado Prato Feito, que também não tinha controle nenhum sobre aquilo que
sobra - com a maior qualidade - da CEASA, e agora vai ser controlado pelo
Comitê Contra a Fome e outras entidades do trabalho social. É o controle
público. O dinheiro é público, deve haver o controle público.
Então,
se estabelece no Estado do Rio Grande do Sul uma outra forma de relação. Hoje
também está nos jornais que o SINDILOJAS, ontem, recebeu a presença do Sr.
Governador do Estado na sua reunião para o café da manhã. Em dezenas de anos do
SINDILOJAS nenhum Governador tinha ido lá, e o Governador foi, como é da sua
forma de atuar, conversando com todos, sem aceitar imposição de ninguém, mas
conversando com todos e ouvindo argumentos.
Essa
é uma nova forma de governar o Rio Grande do Sul: cuidado com o dinheiro
público. Antes - já disse esta frase aqui e vou repeti-la - era uma farra com o
dinheiro público, ninguém sabia bem o que era feito dele. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
em Comunicação de Líder, pelo PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A
grande participação desta Câmara Municipal no debate político no País é
ilimitada, tanto que nesta manhã, nas Comunicações de Líder, foi feita uma
abordagem generalizada sobre os múltiplos aspectos do cotidiano político deste
País, predominando assuntos como a Ford, que eu não pretendo discutir mais. O
PT tem todo o direito de fazer a administração deste Estado de acordo com o que
ele entende ser correto; ponto pacífico que nós discordamos neste particular.
Eu já fui muito categórico aqui, dizendo que o PT não quis ficar com a Ford,
mas é um direito que assiste ao Governador, que foi eleito pela maioria do
Estado, entender que no seu modelo político de desenvolvimento do Rio Grande do
Sul é dispensável uma empresa com essa característica e que o projeto que ela
desenvolveria aqui no Estado não condiz com a ação cívica de administrar e nem
com o seu projeto político-administrativo, ponto final. O PT não quis, o
Governador entendeu que assim seria conveniente e eu não vou ficar chorando o
leite derramado.
Há
coisas muito mais presentes e sobre as quais eu tenho a pretensão de poder
influenciar, coisas que estão acontecendo em Porto Alegre e em relação às quais
eu não quero descurar.
Para
início de conversa, se discute muito a realização ou não das demandas do
Orçamento Participativo que, ano após ano, vem tendo retardado o seu
cumprimento, ficando um passivo que já considero irrecuperável. Se nós formos
recuperar tudo o que está atrasado, tudo o que não foi iniciado no Orçamento Participativo,
teremos que suspender o Orçamento por um ano e mesmo assim, tenho a impressão
de que não conseguiríamos concluir todas as demandas, porque ano após ano há o
reconhecimento de que alguma obra não se realizou por uma razão ou não se
efetivou por algum motivo. E a verdade é que temos hoje demandas de 1995, que
deveriam ter sido executadas em 1996 e não o foram. Esse fato nós já
denunciamos há mais tempo, e agora se faz com estardalhaço. Eu entendo que é
uma responsabilidade direta desta Câmara de Vereadores.
Nós
teremos, agora, com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a possibilidade de
tentar recolocar nos trilhos essa situação já desgovernada, porque não ter, em
1999, realizado demandas de 1995 é absolutamente inexplicável. As demandas de
1998, não iniciadas, podem oferecer algum tipo de justificativa, é bem verdade
que inadequada, porque diz-se que há obras demandadas em 1998, que não foram
iniciadas, ainda, porque estão na dependência de um financiamento externo, que
está sendo pleiteado, e cuja liberação se aguarda.
Propuseram
alternativas para a comunidade com recursos que não dispunham; com recursos que
pretendem obter num financiamento internacional para a pavimentação
comunitária. Isso não é sério! Isso é uma irresponsabilidade com que nós, Vereadores
de Porto Alegre, ocupados com a Ford, ocupados com o desemprego nacional,
ocupados com projetos para combater a pobreza, apresentados pelo Senador
Suplicy, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo Senador Antônio Carlos
Magalhães, de combate à pobreza, e ocupados com toda a realidade brasileira,
temos que nos preocupar. Ver. João Dib, tenho que confessar, lisamente, que V.
Exa tem razão: nós estamos claudicando na nossa responsabilidade imediata, que
é o cotidiano da Cidade de Porto Alegre. E este, faz um tempo enorme que ouve
decantar as glórias do Orçamento Participativo, que ouve a população e realiza
os seus desejos, e agora, comprovadamente verifica-se que é um embuste.
Promete-se realizar tarefas, cujos recursos não se dispõem porque são
dependentes de tratativas internacionais, que são sabidamente morosas.
Por
isso, Sr. Presidente, na manhã desta Reunião Representativa, digo, como fiscal
do povo: é uma barbaridade que ainda estejamos discutindo essa
irresponsabilidade político-administrativa do Município, que engodou a
população, não lhe deu resposta, acionou sua capacidade reivindicativa, e agora
confessa que não tem condições de responder. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos os Srs. Vereadores para que
hoje, às 21h30min, no canal 20, assistam a um programa relativo ao
funcionamento interno das diretorias desta Casa, que irá ser apresentado pelo
Canal 20, da NET. É importante para a nossa Instituição que a população veja
como a Casa funciona interna corporis.
Havendo
quórum, passamos à
Requerimento
nº 147/99. (Lê.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento
nº 164/99. (Lê.) Em votação. O Ver. Adeli Sell, como autor do Requerimento,
está com a palavra para encaminhar.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, propus
esta Moção de Solidariedade ao Destacamento Especial do Centro da Brigada
Militar por toda uma atividade realizada a partir do seu responsável, o Tenente
Coronel Farias, e vários componentes da Brigada Militar, que estão buscando, de
todas as formas, e necessitam da nossa solidariedade militante, porque se
dispuseram a disputar esta questão no Orçamento Participativo do Estado, no
Orçamento Participativo da Cidade. Estão fazendo movimentos em relação a
própria Corporação para que, no Centro da nossa Cidade, como uma experiência
recentemente realizada, nós possamos ter, muito em breve, meus caros colegas
Vereadores, este elemento moderno, este elemento importante, como várias
notícias da imprensa têm demonstrado, que através das câmaras de televisão, nós
podemos, de forma profissional, combater o crime. De forma organizada, nós
possamos combater a violência. Nós estamos vendo, quase que diariamente, que as
câmaras de TV, que são colocadas em instituições bancárias nos Estados Unidos,
que são colocadas nas ruas de Londres, têm demonstrado eficácia.
Lastimamos
que um projeto de lei deste Vereador, aprovado por ampla maioria desta Casa,
que obriga os bancos da Cidade a utilizarem câmeras de vídeo tenha tido recurso
dos banqueiros, mas quero alertar que já perderam na primeira instância e,
tenho certeza, que perderão em todas as instâncias da Justiça e, muito em
breve, nós teremos na nossa Cidade essa obrigação, a começar pelos bancos que,
muitas vezes, fazem chantagem sobre o Governo do Estado exigindo que em suas
portas tenha um brigadiano, quando ele falta no Centro da Cidade, quando ele
falta na sua região, Ver. José Valdir. Eu sei que V. Exa. participa de
atividades em defesa da segurança da Zona Norte da nossa Cidade, que tem falta
de efetivo.
Nós
já alertamos ao Comando da Brigada Militar que não deve disponibilizar seus
homens para ficarem em porta de banco, porque quem tem que dar segurança da
porta do banco para dentro dele é a própria instituição bancária, que cobra
altas taxas de todos nós, que cobra juros de agiotas, que não presta esse
serviço de garantia da segurança em suas instituições, haja vista os vários
assaltos aos bancos que já foram realizados.
No
Centro da Cidade, indiscutivelmente, nós temos um problema de segurança. A
insegurança não vem apenas do ladrão, do assaltante, mas também da realização
de atividades ilegais. Cito algumas delas, porque estou enviando hoje à Receita
Federal, à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, à Secretaria da
Fazenda do Estado um documento onde tento demonstrar que diariamente há
contravenção no Centro da nossa Cidade. Há vendas de Cds rooms e fitas piratas. Perdem todos, só ganha uma pessoa que não é
o camelô que está vendendo, é o transgressor e não tem lugar nas vias de Porto
Alegre para os transgressores, o lugar deles é na cadeia, e assim também devem
ser presos os que não pagam os direitos autorais, como também os
contrabandistas de cigarros. O pobre coitado do camelô nada ganha, quem ganha é
o intermediário e perde, sem dúvida nenhuma, o comerciante instalado, aquele
que paga tributos.
Portanto,
para combater a violência, porque é através das câmeras de televisão que vamos
ver exatamente tudo que se passa nas vias públicas centrais da nossa Cidade, na
Esquina Democrática, na esquina da Av. Borges de Medeiros com a Av. Salgado
Filho, na própria Av. Salgado Filho, na sua extensão, se tivermos essas câmeras
de vídeo, como pede a Brigada Militar - o Destacamento Especial do Centro -
teremos, sem dúvida nenhuma, segurança.
Por
isso busco a solidariedade desta Casa, para que nós, através desta Moção,
apoiemos essa brilhante iniciativa. Em defesa dos cidadãos de Porto Alegre,
pela segurança pública, peço o voto dos nobres Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar o Requerimento nº 164/99, pela Bancada do PPB.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de mais nada desejo cumprimentar o nobre Vereador, 1º Secretário, Ver. Adeli
Sell pelo seu brilhante pronunciamento agora efetuado. Tudo o que V. Exa.
colocou aqui está absolutamente correto e tem o meu integral apoio. E até falou
na solidariedade que prestava à Brigada Militar pela instalação de câmeras de
vídeo na área central para melhor fazer o controle da segurança.
Esta
Casa, no passado, tinha uma proposição que os Vereadores poderiam fazer que era
o Voto de Congratulações. Foi verificado que era um transtorno, até porque o
Vereador atento faz as suas congratulações quando entender necessárias com
personalidade, diretamente à entidade ou à pessoa que deva ser cumprimentada. E
o Regimento retirou o Voto de Congratulações, para a sorte de todos nós. Nós tínhamos
no Regimento o Voto de Pesar que vinha a Plenário. Incrível, mas houve
discussão, debate em torno de quem fazia ou deixava de fazer o Voto de Pesar.
Foi resolvido, não tem mais no Plenário e o Vereador faz o seu Voto de Pesar
sem nenhum problema. Aí inventaram um minuto de silêncio.
Agora,
não tendo mais o Voto de Congratulações se faz o Voto de Solidariedade e aí
falamos até no Voto de Solidariedade, mas com o brilhantismo que caracteriza o
nobre Ver. Adeli Sell, ele fala muito bem, e volto a dizer tem o meu integral
apoio o voto. Vou até votar na solidariedade proposta por V. Exa., mas estou
esperando que as moções diminuam neste Plenário, porque moção, eventualmente,
gera emoção, tensão, reação e até agressão, e nós não gostamos de agressão, gostamos
mesmo é de paz. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para encaminhar pelo Partido da Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
propositivo Ver. Adeli Sell, requer Moção de Solidariedade ao Destacamento do
Centro (DEC), da Brigada Militar, pela proposta de instalação de um circuito
interno de TV nas principais vias do Centro da Cidade. Na sua Moção de
Solidariedade disse que justificaria a mesma da tribuna, e o fez. Afirmou que
em anexo colocaria recorte do jornal Correio do Povo, página 9, do dia 18 de
julho de 1999 sobre o assunto. O nosso propositivo Ver. Adeli Sell esqueceu-se
de fazer a juntada anunciada, porque, neste processo que temos em mãos, e por
ele entregue, não consta esse recorte do jornal Correio do Povo, página 9, do
dia 18 de julho de 1999 que trataria da matéria. Aliás, já ouvi em emissoras de
rádio, e cumprimento o Partido dos Trabalhadores, porque já estariam instalando
este circuito interno de TV nas principais ruas do Centro de Porto Alegre, em
que indiscutivelmente eu considero um fato positivo. Altamente positivo, porque
tudo que for realizado com o propósito de identificar malfeitores que na via
pública, de uma forma ou de outra, conspiram para a quebra da tranqüilidade dos
cidadãos honestos dessa Cidade, evidentemente tem que merecer o nosso aplauso.
Aliás,
a Brigada Militar ao longo do tempo tem sido inexcedível na realização das suas
tarefas, e se mais não o faz é porque com freqüência lhe falta recursos e
muitas vezes, o que é mais grave, seus trabalhos, suas atividades são
desautorizados, até mesmo por quem devia louvá-los, eis que responsável pelo
conjunto da segurança pública neste Estado, e que com freqüência, por
manifestações públicas que partem até do maior mandatário deste Estado, que é o
Governador Olívio Dutra, desautoriza as atividades da Brigada Militar do Rio
Grande do Sul que chegou a ser identificada pelo Governador Olívio Dutra, como
símbolo da violência institucionalizada neste Estado. Agora eu vejo dois
discursos nas hostes petistas, um discurso do Vereador propositivo, do Ver.
Adeli Sell, que reconhece o esforço que a Brigada faz, e de outro lado, um
discurso de condenação que emana do Palácio Piratini que tem abrigo na
Secretaria de Segurança Pública do Estado, onde surge inclusive, Portarias
esdrúxulas que tentam limitar a atuação do Policial Civil e Militar
comprometendo a sua eficiência.
Resta
de tudo isto, Sr. Presidente, a oportunidade que não é decorrência do
oportunismo, mas a oportunidade do debate que a Casa realiza motivada pelo
Requerimento do Ver. Adeli Sell, que nos coloca em condição de usar esta
tribuna, para dizer que estamos afirmando nesta manhã. Esta Casa é
intrinsecamente solidária com os agentes da segurança pública do Estado e que,
evidentemente, não tem motivo nenhum, nem tampouco regimental, esses muito bem
apanhados pelo Ver. João Dib, o que mostra o erro desta Casa quando retirou do
Regimento a possibilidade do voto congratulatório. Esse erro vem sendo atacado
pelos Vereadores através da Moção de Solidariedade. Eu não teria razão nenhuma
de não estar solidário com o trabalho da Brigada Militar que busca
modernizar-se, atualizar-se para melhor combater o crime, para melhor combater
os desajustes que põem em risco a segurança da Cidade. Eu não teria motivo
nenhum para deixar de ser solidário com eles, porque sempre o fui.
Eu
quero gizar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que esta solidariedade, expressa
através da Moção, é um contorno que se faz ao Regimento, que nós resolvemos
restringi-lo, retirando do Vereador competências que, nos áureos tempos, tão
malfadados pela antiga oposição e hoje governo, os chamados anos de chumbo, a
gente exercitava essa liberdade muito mais amplamente e não precisava fazer
esse subterfúgio de dizer que nós estamos solidários com quem deveríamos estar
nos congratulando, com aqueles brigadianos responsáveis por essa força pública
estadual, histórica no Rio Grande do Sul, com os quais nós deveríamo-nos
congratular, porque, apesar de desautorizados, de diminuídos na sua capacidade
de atuação, por quem deveria garanti-los, continuam a bem-servir o Rio Grande e
o fazem de tal forma que o PT vem à tribuna para ser solidário com ele. Nós que
sempre estivemos solidários dizemos: estamos solidários mais uma vez e
estaremos sempre defendendo a nossa gloriosa Brigada Militar do Rio Grande do
Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar o Requerimento nº 164/99,
pela Bancada do PSDB, fala o Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, devo
ser o quarto ou quinto Vereador a encaminhar essa matéria do Ver. Adeli Sell
que solicita uma moção de apoio aos brigadianos que fazem o policiamento do
Centro da Cidade com aparelhos de televisão. Os aparelhos de televisão, como
fiscalizadores, existem há mais de vinte anos. Essa é uma medida atrasada.
Mas
gostaria de falar sobre a vulgarização da Moção de Apoio. Estamos com problemas
gravíssimos na área da saúde, e vou votar a favor da moção, porque qualquer
coisa a favor da Brigada Militar eu apóio. Não existem mais brigadianos em
bancos, e o problema que havia quanto a existência de brigadianos em bancos é
que a segurança particular dos bancos não podia usar armas de fogo e, por isso,
havia um brigadiano em cada banco. Hoje, são os seguranças que fazem o serviço.
A Brigada Militar, quando foi criada a EPTC, deslocou aqueles brigadianos para
as áreas de segurança.
É
evidente que voto a favor da Moção do Ver. Adeli Sell, mas parece que estamos
começando a fazer parte daquilo que criticava Dias Gomes na televisão, através
do seu inesquecível personagem Odorico Paraguassu e sua Sucupira, com o
primeiro transplante em Sucupira, a primeira rua asfaltada. Ou então voltamos
aos velhos tempos em que a Av. Cascata, transformada em Av. Oscar Pereira, foi
saudada como uma obra que consagrava uma administração, porque ela tinha sido
calçada com paralelepípedos.
Hoje,
as exigências são maiores. Os problemas da cidade grande, com um milhão e
quinhentos mil habitantes de Porto Alegre, estão muito distante daquela vila
dos quarenta casais de açorianos. A área da saúde está necessitando uma atenção
muito maior, onde se ameaça - na minha opinião equivocadamente - com a cobrança
de honorários para pacientes do Sistema Único de Saúde, o que eu acho deve ser
posto de lado definitivamente pela sociedade, quando nós precisamos discutir e
debater o descredenciamento dos profissionais e das instituições do Sistema
Único de Saúde; deve ser abolida, do nosso pensamento, esse tipo de ameaça, num
momento tão delicado quando temos problemas gravíssimos na área das
emergências. E pela primeira vez em dois anos e meio, eu saúdo aqui o
Secretário da Saúde, por criar mais de oitocentos cargos novos na área da
saúde. Eu vou votar favoravelmente e solicitar que esse Processo tenha a
urgência do artigo 21 do nosso regulamento. E mais do que isso, parece que a
abertura de seis novos postos na periferia da Cidade começa a estabelecer uma
rede. E é isso, segundo todas as teses de doutorado e estudos feitos nas
universidades, que esvazia as emergências dos hospitais. É uma rede que está
iniciando uma política municipal de saúde, que há muito tempo era exigida, que
há muito tempo já deveria ter sido iniciada, e que agora começa. Isso é um
tempo gasto não em moções de solidariedade - e eu vou votar a favor da Moção de
Solidariedade; e ela pode ter méritos -, mas o nosso tempo tem que ser gasto em
coisas mais pungentes, mais difíceis da nossa comunidade, onde a área da saúde
seja talvez a mais delicada, a mais difícil, a mais deflagrada, com problemas
inclusive de gerenciamento.
Eu
saúdo o Prefeito, pela visita de ontem, e o Secretário de Saúde, pela
iniciativa de abertura de novos postos de saúde junto à comunidade, que entendo
ser a verdadeira solução para esses gravame insuportável social que nós temos
nas emergências dos hospitais de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 164/99 do Ver.
Adeli Sell. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por 11 votos SIM.
Passamos
ao período de
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
pretendo falar fundamentalmente sobre a nossa batalha, a nossa luta pela
justiça fiscal e tributária.
Há
pouco, o Ver. Reginaldo Pujol referia-se ao Líder de seu Partido, o Senador
Antônio Carlos Magalhães, sobre uma proposta que deve ter espantado cento e
sessenta milhões de brasileiros, das crianças aos mais idosos, que, de um dia
para noite, se torna o defensor dos pobres e chega a desfaçatez de criticar
Antônio Ermírio de Moraes.
É
claro que Antônio Ermírio de Moraes recebeu babilônias de privilégios neste
País, tornou-se o rei, o imperador, o czar em algumas áreas econômicas, entre
elas o cimento, coloca o preço que quer e determina tudo nessa área econômica.
E da mesma forma, não é apenas o vice-rei do Brasil, mas é o czar da Bahia, o
czar do Congresso Nacional, Antônio Carlos Magalhães que, efetivamente, detém o
domínio da República nos dias de hoje, com estilo do século passado, um estilo
dos coronéis do Nordeste. Nós queremos falar de outra coisa; nós queremos falar
da verdade, nós queremos falar do que se deve efetivamente fazer para termos
justiça no País, para que nós possamos aprovar no Congresso Nacional uma
proposta do Presidente da República, quando Senador, que propôs o imposto sobre
as grandes fortunas. Pois bem, o Presidente fez um apelo para que se aprovasse o
seu Projeto. Terá o voto unânime da Bancada do Partido dos Trabalhadores,
porque está na origem das nossas batalhas, porque a origem, na nossa visão, é a
tributação das grandes fortunas. O Presidente da República terá o apoio da
Bancada do PT, indiscutivelmente.
Agora,
eu pergunto por que Antonio Carlos Magalhães, que há tanto tempo está no
Congresso Nacional e que tanto manda neste País, não fez aprovar esse Projeto
até hoje? Por quê? Agora, diz que vai conversar com o Senador Suplicy sobre o
seu projeto de renda mínima. Pois então, aprovemos o projeto de renda mínima do
Senador Suplicy, caso contrário é conversa, é discurso, é campanha iniciada
três anos e meio antes para a Presidência da República. É isso que o Senador
Antonio Carlos Magalhães está fazendo.
A
nós, Ver. Reginaldo Pujol, não enganará, porque nós vamos cobrar e - como V.
Exa. disse há pouco - eu espero que V. Exa. se coloque junto à Bancada do
Partido dos Trabalhadores para agora fazer valer o discurso, ou seja, cobrar
uma legislação nacional que onere àqueles que sempre tiveram benefícios, como
Antônio Ermírio de Moraes, os grandes empreendimentos, mas, para isso, nós
temos que combater o sistema privado dos bancos, como o amigo do Antônio Carlos
Magalhães, o dono do Banco Econômico. O banco quebrou mas o seu Calmon de Sá
anda muito bem, obrigado. Estamos vendo também, que recentemente o dono, o
condutor, melhor dizendo do Mappin, da Mesbla, que quebrou, que tem impostos a
pagar, que tem dívidas com fornecedores e funcionários anda com uma vida de
rei, como o rei da Inglaterra.
Nós
aqui também queremos discutir sobre aqueles que não pagam os tributos para o
Município de Porto Alegre, e há os que não pagam. Há dois Projetos de minha
autoria aqui que tentam fazer justiça fiscal na Cidade, cobrança de ISSQN sobre
o telefone 0900, essa mina de sonegação, sobre flats e apart-hotéis que se utilizam de um subterfúgio para uma
concorrência desleal com os hoteleiros, devem pagar os seus tributos.
Mas
nós queremos discutir e eu vou levar para a Comissão de Economia, Finanças e
Orçamentos desta Casa a grande batalha para a cobrança de ISSQN sobre os
cartórios. É sobre eles que vou falar hoje também.
Na
revista Veja, do início de 1997, houve uma matéria dizendo que o maior
contribuinte do imposto de renda de pessoa física do Rio Grande do Sul é o 3º.
Cartório de Protestos da nossa Cidade.
Nós
sabemos que os cartórios são uma concessão, está na Constituição Federal. Todos
os tributaristas com quem eu falo dizem e concordam, a começar pela
Procuradoria do Município, que os cartórios devem ISSQN.
Se
os ônibus pagam 2,5% sobre uma ficha de R$ 0,70, qual a razão que um carimbo de
R$ 1,40 não possa pagar o tributo que é devido?
Eu
disse aqui e já acusei a Juíza que deu a liminar para os cartórios não pagarem
ISSQN. Eu questiono, acuso. Não sei com que base legal, com que arrogância uma
Juíza pode passar por cima da Constituição Federal.
Nesse
sentido, temos que questionar, sim, não o Judiciário, mas pessoas que são
integrantes do Judiciário.
Eu
desafio essa Juíza, ela passou por cima da Constituição e hoje continua imune.
Eu
a desafio a entrar na Justiça contra este Vereador, caso eu não tenha razão,
porque quero ir às barras dos tribunais e mostrar que essa Juíza tem culpa em
cartório, pois passou a mão por cima de uma verdadeira bandalheira. Esta é a
palavra, está no dicionário, Ver. João Dib, não tem outra qualificação.
Não
gosto de adjetivar, eu sou como Ernest Hemingway, que agora completa cem anos,
sou como Graciliano Ramos, não gosto de adjetivar, gosto de usar substantivo
mas, neste caso, é uma bandalheira. Tem que se utilizar esta palavra, pois ela
é justa para aqueles que, injustamente, não contribuem com o fisco de Porto
Alegre.
Eu
não perdôo, o povo de Porto Alegre não perdoa.
Senhoras
e senhores que nos ouvem pelo Canal 16, senhoras e senhores que estão no
Plenário, Srs. Vereadores, nós não podemos tolerar, no final deste século,
início do milênio, que pessoas cobrem exorbitâncias por um simples carimbo. Nós
ainda somos um país cartorial, nós ainda temos, em Porto Alegre e no País, uma
tradição da Idade Média, uma tradição que vem da Península Ibérica, que vem dos
senhores do feudalismo. Nós temos que acabar com o feudalismo cartorial deste
País. Nós não vamos nos calar. No segundo semestre, Vereador João Dib, V. Exa.
vai ouvir este Vereador, não uma, nem duas, mas inúmeras vezes, se for preciso,
falar sobre esse assunto na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento desta
Casa, que cuida dos tributos desta Cidade.
Os
donos de cartório estão na ilegalidade, e, como eu disse anteriormente, assim
como eu condeno aqueles que vendem CDs piratas
no Centro da Cidade, aqueles que vendem cigarros contrabandeados - não o
camelô; esse não tem culpa, mas o contraventor, o intermediário -, eu condeno o
dono de cartório. Não tem lugar na legalidade quem vende contrabando, assim
como não está na legalidade quem se constitui como dono de cartório. E quem
está na ilegalidade, quem é contraventor, tem a lei para o colocar no seu
devido lugar. Na minha opinião, dono de cartório, hoje, deveria estar, regra
geral, num outro lugar que não aquele das poltronas dos seus cartórios.
Eu
quero mostrar ao povo de Porto Alegre que nós temos aqui uma barbaridade: uma
liminar da Justiça que passou por cima da Constituição, que dá guarida àqueles
que estão na ilegalidade. Eu quero dizer, Ver. Guilherme Barbosa, Líder da
minha Bancada, que não vou-me calar diante dessa situação. E tenho certeza de
que a minha Bancada, com sua assessoria jurídica, e esta Casa, que tem uma
Comissão de Economia - e, se for preciso, vou pedir o auxílio da Procuradoria
desta Casa -, estamos aqui com o dever de garantir a cobrança do ISSQN sobre os
trabalhos feitos por cartórios. Se cobra por serviços, eles, como prestadores
de serviços, devem pagar. Infelizmente seus serviços não são de boa qualidade,
mas, pelo menos, que paguem tributos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra
em Comunicações.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
quero reforçar a intervenção do Ver. Adeli Sell. Durante longos anos os
cartórios deste País não recolhiam para a Previdência Social a pretexto de que
eram entidades que colaboravam com a Justiça e que recebiam exclusividade para
esse atendimento. Lamentavelmente, milhares de pessoas foram prejudicadas no
seu direito à Previdência Social, tendo em vista essa concessão irregular,
cedida aos cartórios. Após muitos anos de luta da entidade sindical fundada
pelos trabalhadores em cartório, fez-se com que os cartórios passassem a
recolher a previdência social devida ao sistema de seguridade.
Nós
estamos de parabéns já que ontem foi entregue ao Presidente desta Casa um
Projeto criando oitocentos cargos na saúde e quarenta na educação. Sem dúvida o
problema da saúde neste País é um problema de uma gravidade muito grande. Ao
lermos os jornais do centro do País, de estados como o Espírito Santo, onde a
dengue está-se proliferando, onde o Governador decretou estado de emergência na
saúde, vê-se que a gravidade do problema da saúde é enorme e afeta as camadas
menos favorecidas da população, tanto do ponto de vista da questão do
saneamento básico, como do tratamento de exames especializados, que nem os
planos de saúde atendem, impossibilitando, àqueles que os conseguem pagar, de
fazer aqueles exames mais especializados, que exigem tecnologia apurada.
A
questão da saúde sempre foi um problema em nosso País. Quando os recursos eram
desviados para a saúde, o atendimento era relativo. A partir da separação da
Previdência, da Saúde, passou-se a viver uma dificuldade imensa, isto é, o
Estado sempre se ausentou. Só dava atendimento relativamente bom quando eram
usados os próprios recursos dos trabalhadores através da contribuição da
Previdência Social.
Nós
apresentamos um projeto instituindo a semana comemorativa à Declaração dos
Direitos Humanos no Município de Porto Alegre. Esse Projeto visa abrir um
espaço maior para que o problema dos direitos humanos seja melhor debatido em
nossa Cidade. Recentemente, no Relatório da Anistia Internacional, o nosso País
aparece com destaque no que diz respeito à impunidade. Esse Relatório aponta o
problema mais grave do Brasil, ao qual são dedicadas cinco das quatrocentas e
sessenta e três páginas: ação das nossas polícias, condições de detenção em
nosso País, violação dos direitos humanos, como o ataque a indígenas e
perseguição a lideranças de sem-terras. O Relatório da Anistia cita, como
exemplo de impunidade no Brasil, a polícia do Rio de Janeiro que matou, pelo
menos, quinhentos e onze civis em 1998; enquanto em São Paulo matou quinhentos
e vinte e cinco civis. O Relatório denuncia a superlotação e as deficientes
condições sanitárias na maior parte das prisões e delegacias. A Anistia afirma
que a maior parte dos responsáveis pela violação dos direitos humanos continua
a se beneficiar da impunidade. A violação dos direitos humanos é um problema
crônico aqui, declarou o Presidente da Anistia no Brasil.
Esse
projeto visa cobrar das nossas autoridades que busquem efetivamente, através
dos inquéritos policiais, muitas vezes dirigidos pelos próprios praticantes
dessas violações, sejam efetivamente apurados e responsabilizados aqueles que
cometem crimes. Nós estamos com um índice de desemprego superior a 20% dos
trabalhadores ativos nas capitais brasileiras. Isso, sem dúvida, faz com que
aumente a miséria e aumente a criminalidade. A criminalidade tem origem nos
gravíssimos problemas econômicos e sociais que atravessa o nosso País.
Portanto, essa grande massa de trabalhadores, que está à margem do processo
produtivo, não pode ser penalizada com a violência, com a agressividade. As
nossas polícias, civis e militares, cumprem um papel importantíssimo na
sociedade brasileira.
Ainda
hoje, foi aprovada uma Moção de Solidariedade a nossa Brigada Militar pelo
trabalho que vem desenvolvendo no Centro da Cidade. Nada mais justo, mas é
necessário que os comandos, que a oficialidade dessas corporações não colaborem
no sentido de que estes crimes praticados, muitas vezes contra cidadãos, contra
operários, não fiquem impunes. Esse é um clamor da sociedade brasileira. Os
crimes praticados contra o Movimento dos Sem-Terra, os crimes praticados no
Presídio de Carandiru, quando, a partir de uma simples briga no pátio interno
daquele presídio, a polícia militar, com os seus esquadrões especializados,
invadiu aquele presídio e matou cento e onze presos. As famílias, os filhos, as
esposas, as companheiras desses cento e onze presos executados até hoje clamam
e choram pela identificação e pela punição daqueles que cometeram este crime
horrendo e que, até hoje, nada foi apurado.
Assim
sendo, o nosso Projeto visa a buscar um espaço maior para que seja melhor
divulgado e seja melhor reclamado pela sociedade, pela nossas autoridades, pela
nossa Justiça e que, efetivamente, vá a fundo e evite que a impunidade continue
solta em nosso País e que beneficie aqueles que estão próximos do poder;
aqueles que estão, na escala social, em uma situação privilegiada e que
deveriam dar o exemplo do cumprimento da Lei, estes são, exatamente, os que a
violentam. Porque a impunidade, quando se trata de trabalhadores, de
funcionários públicos assalariados não existe, as portas dos presídios são
abertas e para lá são recolhidos aqueles que cometem qualquer irregularidades.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra. Ausente. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu sou
daqueles Vereadores que têm as suas convicções formadas ao longo de uma
profissão, cujo trabalho está a indicar um caminho em todas as sociedades do
mundo, isto é, hoje em dia, o raciocínio filosófico se faz através de redes. À
semelhança do corpo humano, que tem uma rede de capilares sangüínea ou tem uma
rede de neurônios distribuída por toda a economia do corpo, assim também as
estruturas de comunicação, como são chamadas de net, porque network quer
dizer rede, as redes de televisão, as redes que agora ocupam o chamado
ciberespaço. Pois também na área da saúde temos que ter a formação de uma
malha, de uma rede na intimidade do tecido social, para que se faça um trabalho
adequado, a assim chamada política municipal de saúde. E cada estruturação de
uma política municipal de saúde deve-se dividir em distritos, e cada distrito
deve ter uma grande unidade hospitalar, acompanhada de postos de saúde nas
comunidades, onde a participação comunitária é fundamental, pela
disponibilidade do médico, pelo seu fácil acesso e pelo vínculo que estabelece
na relação médico/paciente. Isso, no seu conjunto, forma uma política municipal
de saúde.
E
quero levantar, aqui, um problema que há dois anos e meio venho falando desta
tribuna, nos dez anos de administração do Partido dos Trabalhadores tivemos
quatro ou cinco Secretários, cada um com uma idéia. E agora, no fervor da
crise, na pressão social insuportável, que é o caos do problema da saúde -
cujos responsáveis são a União Federal, o Estado e o Município -, estamos
criando hoje - e pergunto por que apenas hoje e não há dez anos? - uma rede,
uma malha de postos de atendimento como única alternativa de esvaziar os
hospitais, onde teremos uma rede adequada de atendimento primário.
Ontem,
o Prefeito de Porto Alegre esteve nesta Câmara comunicando que vão ser nomeados,
depois da aprovação da parte burocrática, oitocentos e um novos cargos na
saúde. Pois não adianta elogiar. Hoje está esse lamentável anúncio no Correio
do Povo dizendo: “Porto Alegre está cuidando da sua saúde”. Mas isso é uma
obrigação, não tem que ser anunciado. Com o dinheiro desse anúncio poderiam ser
pagos salários de um mês de dez, doze funcionários. O que está sendo feito é um
absurdo. Isto aqui é apenas um reparo. Esses oitocentos novos cargos, na
Secretaria de Saúde, é apenas um reparo do que em dez anos já deveria estar
pronto e feito, e não foi feito. Esse Vereador tem clamado, tem pedido, por uma
política municipal de saúde. Agora, com essa pressão social insuportável, com
os meios de comunicação falando diariamente em todos os seus segmentos do
problema grave da saúde, o Município se mexeu. Por isso o Município começa a
trabalhar nessa área de uma forma adequada.
Vemos
nesta fotografia um profissional atendendo a uma pessoa dentro de um hospital.
O Pronto Socorro Municipal continua sucatado. Vocês acham que todos os postos
de saúde vão ter um otoscópio para o médico examinar o ouvido de uma criança.
Não, não tem. Os postos de saúde estão desaparelhados.
A
contratação de profissionais está sendo feita, agora, por causa da pressão
social e não por um programa que há dez anos atrás deveria ter começado, e esse
programa não existiu. Cada Secretário da saúde teve uma orientação. Agora que
está certo, que estão no caminho certo, que estão abrindo postos de saúde, e
estão anunciando, hoje, a abertura de seis novos postos de saúde em Porto
Alegre, com que eu me congratulo e acho excepcional que isso seja feito, porque
estão começando com uma política municipal de saúde. Isso está gerando um
anúncio como se isso fosse uma maravilha. Por que anunciar o óbvio? Por que
tecer loas a si mesmo? Porque este auto-elogio: “Porto Alegre está cuidando da
saúde”. Isso é obrigação, isso é constitucional. A municipalização da saúde faz
com que Porto Alegre se obrigue a cuidar da saúde de sua população. Ficamos nós
numa crise delicada, na área da saúde, num momento quase insuportável de
pressão social, e temos que ouvir este auto-elogio, através de anúncios que
poderiam ser, perfeitamente, dispensados, e deveriam se preocuparem mais com
iniciativas objetivas e diretas. Fazer e depois anunciar, e não anunciar e
depois fazer. É exatamente o contrário o que a nossa população está precisando.
É exatamente o contrário do interesse dos porto-alegrenses e que nós vemos,
aqui, mais uma vez sendo anunciado, cacarejando antes de pôr o ovo, fazendo,
inclusive, um anúncio inadequado e não-verdadeiro, porque os postos continuam
desaparelhados, porque há sucatamento do Pronto Socorro Municipal, todos nós
sabemos e nesses dez anos de trabalho, nós temos convivido na Administração do
Partido dos Trabalhadores, com esse problema da política municipal de saúde.
Esta insuficiência, esta visão não-integrada e principalmente este disparate,
essa diferença amazônica existente entre uma administração e outra, e que se
vê, que não se plasmou, não se unificou e não se teve a idéia de uma política
integrada de saúde que fizesse com que Porto Alegre, hoje, tenha 90% do seu
atendimento garantido pelas estruturas federais. Mesmo assim, nós temos que
dormir, hoje, com esse mau gosto, de um anúncio, de alguma coisa que ainda vai
ser feita, quando na verdade já devia estar feita há mais de dez anos.
Este
é o grande problema que nós enfrentamos, e o Município é um dos responsáveis
pelo caos da saúde, não tiro o corpo fora. A crítica é feita forte ao Município,
certamente por isto. Se nós temos problemas com a União, o Estado também tem,
hoje; quando se apregoava, e quando nos outros Governos se dizia que o Estado
devia de dar 10% cumprindo uma Lei Estadual do seu orçamento para a área da
saúde, hoje, nós vemos que a área da saúde no Estado não chegou a 5% de
aplicação, nos seis meses de Governo do PT. Faça o que eu digo, mas não o que
eu faço. E vemos hoje, que quando Poder, o próprio Partido dos Trabalhadores
está dispensando a oposição, porque Deputados Federais do Partido dos
Trabalhadores estão afirmando categoricamente, não há uma política de
desenvolvimento para o Estado, isto aí está absolutamente refletido na área da
saúde. O Deputado Marcos Rolim disse isto publicamente, e na área da saúde nós
vemos exatamente, hoje, a conseqüência da falta de um plano de desenvolvimento.
E quem sabe com isto, nós, clamando desta forma, desta tribuna, com todos os
meios de comunicação bombardeando esse problema e tentando apurar as
responsabilidades e mais do que isto, tentando dar uma solução para o problema,
que é fundamental, e essas discussões estéreis de entidades que vão ocupar a
mídia, mas apenas para proselitismo e não para um processo de solução desses
problemas graves da população, serão indiscutivelmente, apenas paliativos para
uma solução que está sendo buscada há quanto tempo, e há quanto tempo essa
fotografia mostra a omissão que houve, nesses dez anos, da administração do
Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
em Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta
oportunidade, gostaríamos de manifestar a nossa estranheza pelas manifestações,
no dia de hoje, do ilustre Ver. Juarez Pinheiro à imprensa. O Ver. Juarez
Pinheiro disse, em sua manifestação no Correio do Povo, que a matéria de
aumento de IPTU é de Lei Complementar e, por isso, o Ver. Nereu D´Ávila,
Presidente da Câmara, também votará o Projeto, isso é óbvio. Ele certamente é
um adepto àquele ilustre personagem de Eça de Queirós, o Conselheiro Acácio. Se
for enviado pelo Executivo, no início de agosto, e se tramitar em regime de
urgência, é possível que seja votado até setembro. Eu quero manifestar a minha
estranheza de ser encaminhado em agosto, conquanto nós sequer, ilustre
Presidente, votamos a Lei de Diretrizes Orçamentárias e temos o prazo de
encaminhá-la ao Executivo, evidentemente, votada, até o dia 15 de agosto. A Lei
Orgânica da Cidade de Porto Alegre, a nossa Constituição, estabelece que os
Projetos de Lei dos orçamentos anuais deverão ser encaminhados à Câmara até 30
de setembro, devendo ser votado até o último dia do mês de novembro. Para
aumentar o IPTU as hipóteses existentes são duas, Ver. José Valdir: ou se aumentam
as alíquotas ou se faz o reajuste na Planta de Valores dos imóveis da Cidade de
Porto Alegre acima da inflação, e a Planta de Valores vem anexa à Lei
Orçamentária. Estou há doze anos nesta Casa - o Ver. Nereu D’Ávila há dezessete
anos, o Ver. João Dib há vinte e oito anos, o Ver. Luiz Braz tem dezessete anos
na Casa, e eu que sou da turma dos treze anos nesta Casa, próximo aos
Vereadores Guilherme Barbosa e José Valdir - e nunca vi um Prefeito Municipal
entregar o projeto de lei do Orçamento antes do dia 30 de setembro. O Prefeito
vem acompanhado do seu Secretariado, normalmente, em ato solene e faz a entrega
ao Presidente da Casa. Embora a lei diga “até o dia 30 de setembro” o Executivo
aproveita todos os dias.
Portanto,
o Prefeito deverá trazer o Orçamento no dia 30 de setembro para esta Casa, e
teremos até o último dia do mês de novembro para votarmos a matéria. Estranho,
portanto, as declarações do Ver. Juarez Pinheiro, que afirma que o Projeto de
aumento do IPTU poderá chegar aqui no mês de agosto e ser votado até o mês de
setembro. Legalmente, não encontro respaldo, nem tradição, nem praxe a uma
situação dessa natureza.
Era
essa, Sr. Presidente, a manifestação que gostaríamos de fazer da tribuna desta
Casa, manifestando estranheza com o atropelo das informações do Ver. Juarez
Pinheiro, que fala que poderíamos votar até o mês de setembro o Projeto de Lei
de aumento do IPTU.
Mais
uma vez informo que a base de aumento do IPTU é a Planta de Valores, e a Planta
de Valores vem com o Orçamento, que o Prefeito tem prazo até o dia 30 de
setembro para entregar. Em toda a história do Município de Porto Alegre não
consta que o Prefeito tenha aberto mão desse prazo para entregar antes a peça
orçamentária, até porque não dispõe desse prazo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a
palavra em Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, Senhoras e Senhores, acredito que esta Casa, ontem, recebeu e está
recebendo algo muito importante para a nossa Cidade, nós mais uma vez vamos
fazer um encaminhamento, fundamental, para a vida e para a saúde da nossa
Cidade, o encaminhamento do Prefeito Municipal de Porto Alegre, no sentido de
trazermos profissionais ligados à área de educação e saúde, onde vamos poder
implementar mais uma parte dos nossos sonhos.
Quero
colocar como exemplo, Sr. Presidente, o que vai acontecer na região onde moro,
na Lomba do Pinheiro, onde através do Orçamento Participativo, nós estamos,
neste ano, começando a receber a construção de um dos postos mais avançados
daquela região, que é o Posto até 24 Horas. Nós sabemos que o mais caro não é a
construção de um prédio, se nós não tivermos os profissionais necessários para
colocar em execução aquela demanda reprimida de toda uma população, uma região
onde temos, aproximadamente, oitenta mil moradores e que hoje não recebem
apenas, nos postos que temos, os moradores da Lomba do Pinheiro, mas, também,
moradores oriundos de Viamão e até da Restinga, já com avançada assistência na
saúde, mas que também tem a proximidade com a Vila Putinga. Ali também nós
recebemos as pessoas acometidas de alguma doença. Então, isso é sinônimo de
alegria, porque acreditamos que para a saúde não é suficiente construir um
posto e ter hospitais na região, mas prevenirmos essa situação. Quando nós
lutamos por saneamento básico, que não aparece aos olhos da maioria da
população ou nos meios de comunicação, nós estamos prevenindo, estamos fazendo
com que a população esteja mais sadia. E isso nos traz uma grande alegria,
porque os postos de saúde familiar que lá existem, que têm o cadastramento das
famílias, que têm o acompanhamento daquela região, fazem com que, na prática,
nós coloquemos abaixo parte da hipocrisia do sistema em que vivemos, das
indústrias multinacionais farmacêuticas, que contabilizam quantos pobres e
quantos doentes eles precisam. Dez anos, sim, Ver. Cláudio Sebenelo, que a
nossa Cidade - que tem 227 anos - está sem a preocupação real com a doença da
Cidade, com as pessoas. Quando existe uma sociedade que se preocupa apenas com
o lucro e não com o ser humano, isso tem que ser demonstrado e a população sabe
disso, porque quando a população participa e constrói, isso se torna normal na
vida do ser humano. E a pior doença que existe na sociedade é aqueles setores
que acreditam no empobrecimento da população. E participar não é apenas votar
numa urna secreta. Participar é estar constantemente fazendo essa disputa. E
saibam os Senhores que praticamente 70% da nossa região, a Lomba do Pinheiro,
pertenciam a Viamão até 26 de março de 1992, quando o então Governador Alceu
Collares, devido a uma luta daquela região, assinou um decreto-lei anexando-a a
Porto Alegre. Portanto, apesar de não termos 12 anos de Orçamento Participativo
- temos sete -, no ano que vem, com certeza, nós vamos estar aqui nesta Casa
comemorando os oito anos de anexação de grande parte da Lomba do Pinheiro a
Porto Alegre e vamos trazer aqui, não apenas o esgoto, mas vários problemas.
Mas, em sete anos, nós já construímos tanta coisa: o hospital; a complementação
de todos os colégios municipais; estamos com sete colégios estaduais, que, até
então, têm apenas até a 4ª série, Sr. Presidente, isso, sim, é um desrespeito à
população.
Através
do Orçamento Participativo, estamos conquistando o Estado, por exemplo, em toda
a região do delta do Jacuí, estamos em primeiro lugar para conquistarmos o
primeiro colégio estadual completo da Lomba do Pinheiro. Isso nos engrandece,
nos deixa cheios de vontade de tornar a nossa utopia sonhos perfeitamente
realizáveis. E sabem com quem, Sr. Presidente, Senhoras e Senhores? Com a
participação popular. Não precisou a Vera. Maristela Maffei estar lá, apenas
como Vereadora, e que bom que eu estive, porque isso foi o reconhecimento público
daquela região de achar que, além do Orçamento Participativo e das lutas
sociais, tem um Vereador ou uma Vereadora junto com eles. Não precisa de uma
autoridade para determinar ou definir, mas estar junto e presente
constantemente nas lutas, que isso é o mais importante.
Portanto,
o estranho nessa história toda é que, de repente, Deputados Estaduais se
tornaram Vereadores. E Vereadores que nunca estiveram lá, de repente estão lá
se preocupando nesse momento. Nós queremos que estejam sempre lá lutando junto
com a gente, mas não com status de autoridade total - “eu tenho a força!”, não,
todos nós temos a força.
Se
constituirmos esse padrão e esse relacionamento, nós vamos estar muito melhor,
porque, Srs. Vereadores, um partido pode passar, mas os movimentos sociais
organizados permanecem.
O SR. GUILHERME BARBOSA: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Vereadora, concordo com o conteúdo da manifestação de V. Exa. e
quero dizer que me chamou a atenção a iniciativa dos Deputados-Vereadores, como
tenho chamado, Berfran, Bernd e Busatto, porque, como uma conseqüência lateral
é que terminou desmoralizando um pouco a Bancada dos Vereadores do PMDB de
Porto Alegre, quer dizer, é uma tarefa que deveria ser realizada, em princípio,
pela Bancada daqui e eu estranhei isso, de fato.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: É, Vereador. Na verdade para mim não
causa muito espanto, porque essa prática é uma constante, infelizmente, de uma
das maiores bancadas que, aliás, na outra gestão quando foi o Collor, o PMDB
teve uma das maiores bancadas federais que este País já teve. No entanto, na
prática, nós sabemos exatamente o lado que eles sempre estiveram e trazem um
oportunismo, uma derrocada já para a eleição do ano que vem, tentando
desmoralizar aquilo que nós temos de melhor. Mas isso na população não pega,
pode pegar em algumas lideranças que já estão acostumadas, em sua prática
constante, a ter esse tipo de prática no seu cotidiano. Nós temos que ser
maiores do que isso, nós temos que continuar com serenidade, com garra o que
nos propusemos: continuar na nossa luta social, na nossa luta de classe, que
jamais esteve tão presente na nossa sociedade, onde a burguesia, infelizmente,
algumas pessoas que se dizem democratas ainda dão oportunidade para continuar
esse tipo de malversação na sociedade, mas nós continuamos na nossa luta e
vamos implementando cada vez mais.
Para
finalizar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na nossa história da humanidade,
essas questões todas que estão acontecendo não são novidade, pois conhecemos
bem o cenário, os atores e nós temos um compromisso sério com a nossa sociedade
e com a luta dos trabalhadores. É nesse sentido que nós temos lutado e vamos
enfrentar cada vez mais com toda a grandeza, com certeza. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra no período de Comunicações.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero
discutir um pouco o assunto debatido anteriormente pelo Ver. Cláudio Sebenelo,
referente à saúde no nosso Município, Estado e País.
V.
Exa. traz a esta tribuna e, portanto, ao Plenário da Casa e à população de
Porto Alegre, uma série de informações absolutamente equivocadas.
Disse
o Sr. Vereador que não há política de saúde nesses dez anos e meio que estamos
à frente do Executivo Municipal, que cada Secretário tinha uma política.
Absolutamente errado, desde o primeiro mandato do Prefeito Olívio Dutra,
depois, Prefeito Tarso Genro e, agora, Prefeito Raul Pont, a política é a
mesma: ampliar e qualificar a rede primária de atendimento à saúde através de
postos localizados o mais próximo possível da periferia.
Os
postos do Município não são muitos, é verdade, mas esta rede tem crescido
permanentemente. Nós ampliamos, mais que duplicamos a área física dos postos
existentes e o número de atendimentos na rede do município.
Em
seguida, nós trabalhamos para a municipalização da saúde em Porto Alegre, coisa
que muito poucas cidades realizaram em nosso Estado e até no País inteiro.
Resolvemos
assumir esse compromisso, trazendo mais responsabilidade para o Prefeito,
Secretário, enfim, para o nosso Executivo.
Agora,
nós fizemos isso com muito cuidado, discutimos com a Comissão que se chama
tripartite, com representação municipal, estadual e federal, quais os critérios
da municipalização, pois não queríamos entrar “em fria”.
Afinal,
se chegou a um acordo, em agosto de 1996, quando assumimos a municipalização da
saúde, de maneira semi-plena, como é chamado, mas é a gerência final, tendo
sempre a participação do Estado e da Federação.
É
o nível mais avançado da municipalização. Assumimos isso com um determinado
valor.
Estava
escrito no acordo, no convênio assinado com a nossa Prefeitura e a União de que
à medida que o serviço fosse crescendo, no Município, os valores iriam ser,
paulatinamente, reajustados. E o que é que tem acontecido? De fato, tem
crescido muito o número de atendimentos no Município e, depois de três anos de
municipalização - fará em agosto três anos -, nenhum reajuste foi feito. É o
mesmo valor de agosto de 96, o repasse do Governo Federal para o Município.
Mais
ainda: também está escrito que todos os funcionários do Estado e da União que
trabalham na área da saúde irão passar para o gerenciamento da Prefeitura, e o
que está acontecendo é que o Governo Federal tem retirado o seu pessoal. Em vez
de aumentar o pessoal, porque aumentou o número de atendimentos nos postos, o
Governo Federal tem retirado, recursos humanos federais, do trabalho no município.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, quando se fez a municipalização, a
Prefeitura recebeu cerca de 260 milhões de reais anuais para fazer o
atendimento à saúde em Porto Alegre. A cada trimestre deveria ter sido feita
uma prestação de contas à Câmara Municipal Porto Alegre; nesse caso, a Câmara
teria força suficiente para se somar ao Executivo e exigir mais recursos. Eu
não estou dizendo que Porto Alegre não precise de mais recursos, mas nós
teríamos essa força. E tanto quanto eu sei, na semana passada, a Prefeitura fez
a primeira prestação de contas em três anos de municipalização da saúde. Pode
ser que, se tornar uma rotina a prestação de contas trimestral, prevista na
lei, nós tenhamos força para apoiar o Executivo, porque nós precisamos apoiar a
Cidade de Porto Alegre, que precisa de mais saúde, sem dúvida nenhuma.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Ver. João Dib, a da semana passada não
foi a primeira, mas a segunda prestação de contas. É verdade que a lei exige
que seja feita trimestralmente uma prestação de contas, que será feita daqui
para diante, embora ela seja sempre acompanhada pelo Governo Federal e pelo
Governo Estadual na chamada Comissão Tripartite.
A
lei sobre a municipalização da saúde não fala em prestação de contas para a
Câmara de Vereadores. Aliás, o Secretário da Saúde quis fazer isso,
prestigiando a Câmara e o seu Plenário, mas foi impedido por um Vereador desta
Casa que se considera muito inteligente. Esse Vereador exigiu uma audiência
pública rigorosa, que foi feita. E sabem o que aconteceu, para nossa surpresa?
Nenhum Vereador da oposição esteve presente, nem aquele que pediu que o
Secretário viesse ao Plenário da Câmara. Pois é! Vê-se discurso aqui, que, na
verdade, só serve para fazer crítica. No momento certo, o Secretário trouxe documentos,
distribuiu aos presentes e não havia nenhum Vereador da oposição. Espero que na
próxima reunião todos estejam presentes. Nós queremos que haja transparência,
porque aí teremos o apoio dos trinta e três Vereadores para que tenhamos mais
recursos para Porto Alegre para que possamos, cada vez mais, melhorar a saúde
de nossa Cidade.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, a lei explicita que a audiência pública é no
Plenário da Câmara Municipal. O convite para essa audiência, que o Secretário
fez, foi formulado no mesmo dia em que a audiência se faria, às 14 horas, e nós
tivemos Sessão apenas pela manhã. Também sei que estava no Diário Oficial, até
com bastante antecedência, mas são poucos os Vereadores que o lêem diariamente.
O correto seria fazer uma comunicação como a que foi feita, mas não em cima da
hora.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Ver. João Dib, o Edital foi publicado no
Diário Oficial e no Jornal Zero Hora, rigorosamente dentro da lei, o que foi
exigido pelo Vereador citado.
O
Secretário teve a gentileza, o que não precisava fazer, de convidar a
Presidência da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, que não esteve presente. Esta
é a realidade.
A
saúde no Município de Porto Alegre não é a ideal, mas numa crise como a atual,
a Cidade, que não é uma ilha, não consegue ser perfeita com esse entorno tão
complicado. Mas é inegável que o investimento na saúde na Cidade de Porto
Alegre é cada vez maior. Nós investimos mais do que quase a totalidade das
outras prefeituras, isso também é verdade. O que torna a situação cada vez mais
trágica, como disse o Secretário ontem, é que cada vez que nós melhoramos a
saúde em Porto Alegre nós atraímos mais pessoas de outros municípios, cuja
política, em muitos deles, é comprar ambulâncias para trazer as pessoas,
entupindo os hospitais e também os postos de atendimento primário e secundário
do nosso Município. Quanto mais investimos mais atraímos gente.
Antes
era o Pronto Socorro que atendia mais de 40% de pacientes que vinham de fora de
Porto Alegre, e quase a totalidade dos custos do Pronto Socorro são bancados
pela Prefeitura. Os hospitais atendem 60% de pessoas de fora do Município;
agora os postos de saúde estão atendendo, na sua maioria, gente de fora de
Porto Alegre.
Há
poucos dias elogiei a reportagem feita pelo jornal Zero Hora, mostrando que,
dentro desse caos, Porto Alegre tem uma situação muito melhor do que as outras,
e quer melhorar mais ainda.
Ontem
eu trouxe a esta Casa um Projeto de Lei que acredito, e tenho esperança, de que
seja aprovado com brevidade para mais oitocentos cargos na área. Enquanto o
Governo Federal está preparando um projeto de demissão voluntária para colocar
gente para fora, piorar o trabalho no País, o nosso Município admite gente para
melhorar o serviço, projeto para a saúde e projeto para a educação. O
Governador Britto colocou gente para fora e, depois, teve que contratar. Agora,
o Governo Federal prepara novo processo de demissão dos funcionários públicos
federais, e o nosso Município admite gente para trabalhar numa área em que a
população tem muita necessidade.
O Sr. José Valdir: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador). Vereador, isso que V. Exa. está colocando sobre os
postos é muito importante e está acontecendo, por exemplo, nos postos da Nova
Gleba, Parque dos Maias, onde temos uma população de Alvorada participando,
recorrendo a eles. Estamos, inclusive, com reunião marcada com a companheira
Stela, e temos certeza de que essa questão é tão geral, que quando melhorar em
Alvorada, a Prefeitura daquela cidade vai ter o mesmo problema em relação a
municípios vizinhos.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Quero lamentar profundamente a posição
trazida pelo CREMERS, sectária, isolada, corporativista que, felizmente,
recebeu a devida contraposição da Secretaria Municipal da Saúde, da Secretaria
Estadual da Saúde, do Ministério da Saúde e da Federação dos hospitais, que era
uma coisa absolutamente inaceitável. Precisamos juntar forças para pressionar o
Governo Federal para melhorar os valores para os hospitais, a fim de que não se
descredenciem, deixando a população carente à míngua. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João Dib está com a palavra, pelo
tempo que lhe cede o Ver. Isaac Ainhorn, em Comunicações.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou
grato ao Ver. Isaac Ainhorn por ter-me cedido o seu tempo, mas eu, também,
cederei a ele o meu tempo, posteriormente.
Sr.
Presidente, sou, sem dúvida nenhuma, um homem simples e, na simplicidade, se
encontra dificuldade de entendimento. Na minha simplicidade, ontem, eu aplaudia
o Prefeito de Porto Alegre, Dr. Raul Jorge Anglada Pont, porque trazia a esta
Casa um projeto de lei, criando, na saúde, novos cargos. Mas, com a mesma
simplicidade, eu dizia a S. Exa., com a serenidade, com a tranqüilidade, com a
transparência que caracteriza o nosso pronunciamento, que a Prefeitura não
aplicava na saúde o que determina a Lei Orgânica - 13% do orçamento global. E
isso não é o Ver. João Dib que diz, é a Comissão de Justiça, na sua plenitude,
com dois votos do Partido dos Trabalhadores, que diz que 13% do orçamento
global não é aplicado e, sim, 13% do orçamento da Administração Centralizada.
Mas, tudo isso não é nada, porque eu até acho que a Lei Orgânica pode e deve
ser modificada.
Agora,
desfaçatez, eu não admito. E esse anúncio da Prefeitura de Porto Alegre, de
mais de meia página, dizendo: “Porto Alegre está cuidando da sua saúde,
oitocentos e onze novos cargos na saúde.” Dá a impressão que foi uma iniciativa
tranqüila, serena da Prefeitura, do Prefeito, do Secretário da Saúde. Não é
verdade.
Desta
tribuna, no mínimo, eu fiz cinqüenta pronunciamentos, falando da ilegalidade,
da ilegitimidade, das cartas-contrato, assinadas pela Prefeitura. Onde médicos,
apesar de dizer, na carta-contrato, que era improrrogável o período, havia seis
cartas-contrato na seqüência, onde médicos, enfermeiros e auxiliares de
enfermagem, antes de terminar a carta-contrato, tinham uma nova carta-contrato.
Acredito que recebendo duas vezes, porque eram duas cartas-contrato. E durante
dez anos e meio, desta tribuna, reiteradas vezes eu reclamei. Reclamei que não
chamam um “otorrino” que está colocado em terceiro lugar, porque o segundo
lugar está no Canadá e é ligado à Secretaria de Saúde, de uma ou de outra
forma. Se chamarem o segundo e ele não comparece, ele passa para o fim da fila.
O
Prefeito esqueceu de dizer, e já respondeu ao Ministério Público, que eu
ingressei no Ministério Público exigindo o término da carta-contrato,
absolutamente ilegal. O Prefeito sabe que houve inspeção do Tribunal de Contas,
a pedido deste Vereador, para que as cartas-contrato fossem encerradas e ele
faz uma publicidade.
Esta
Casa, pela sua unanimidade, quer uma solução para o problema da saúde, porque a
Comissão de Saúde, e eu participei das suas reuniões, ouviu os auxiliares de
enfermagem concursados, que não são chamados; mas, as cartas-contratos são
feitas sob a égide da emergência e emergência se sabe: se faz através da
decretação do estado de emergência. Não há decreto de estado de emergência
nesta Cidade. Talvez, porque o PT está acima da Lei Orgânica, porque está acima
da Lei brasileira, porque os cento e cinqüenta e poucos municípios que tiveram
problemas com a seca e com as intempéries provocadas por ventanias e chuvas
fortes decretaram emergência e calamidade pública para poderem movimentar as
suas verbas de forma diferente, como a Prefeitura faz. A Prefeitura que usa a
Lei Municipal, o art. 4º, que diz qual o período que pode ser, mas não usa
artigo anterior a ele, o art. 2º, que diz em que condições pode ser. Então, na
realidade, entristece-me o que o Prefeito fez, iludindo a população, parecendo
que isso aconteceu por iniciativa da Prefeitura tão-somente. Não, nós
precisamos - e eu dizia ao Sr. Prefeito ontem - a contratação dessas pessoas
todas, até para que haja continuidade no serviço e que se preste melhores
serviços à comunidade porto-alegrense, pois ela merece.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Embora eu discorde de grande parte da intervenção de V. Exa., no que
diz respeito à legalidade ou não das cartas-contratos, nós afirmamos que são
legais, o Tribunal de Contas tem aprovado esse processo; mas quero concordar
com V. Exa. em um aspecto. Acho que foi apressado esse material publicado hoje
nos jornais, poderia ter outro conteúdo. Mas quero solicitar a V. Exa. que esta
falha no processo não contamine a nossa decisão de aprovar o mais rápido
possível esses cargos porque, de fato, a Cidade precisa que ampliemos o serviço
e que se dê mais qualidade à nossa rede de atendimento. Então, discordo da
primeira parte, concordo com a segunda e faço este apelo para que nós, fazendo
essa crítica, não tranquemos a possibilidade de aprovar rápido esse Projeto.
Muito obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato ao aparte de V. Exa. No
entanto, informo-lhe, na simplicidade que eu costumo sempre ter, na
simplicidade que é gerada pela transparência e pela seriedade das minhas
comunicações nesta tribuna, que já na primeira avaliação das contas da
Prefeitura Municipal, em 1989 - e eu já li nesta tribuna -, o Tribunal de
Contas condenava a carta-contrato. Em 1990 fazia a mesma coisa, todos os anos.
Tanto que eu pedi a inspeção do Tribunal de Contas pelo exagerado número de
cartas-contrato. Digamos até que fosse legal, mas quando a lei diz que é
improrrogável e prorrogaram por seis vezes, aí então digo que é ilegal, poderia
dizer outra palavra. Mas V. Exa. coloca muito bem.
Ontem
ficou claro que todas as Lideranças concordavam sobre a emergência na aprovação
desse Projeto. Pedimos até que na convocação extraordinária, e reitero agora,
já que não pode ser colocado na Pauta, porque o Projeto realmente tem que ser
anunciado, que ele seja anunciado nos dois dias de convocação extraordinária
para que no dia 2 de agosto - quando serão reabertos os trabalhos normais da
Casa - ele já esteja na Pauta, que corra Pauta nos dias 2, 4 e 6, quando vamos
pedir urgência, e esperamos poder votar com tranqüilidade e com profundo
conhecimento dos três projetos de lei que aqui estão, no dia 11 de agosto.
Estaria dentro daquilo que dissemos que em dez dias aprovaríamos: do dia 2 ao
dia 11 de agosto são dez dias. Tenho certeza que a Diretoria Legislativa e o
Presidente envidarão todos os esforços para que no dia 2 esteja na Pauta, e que
no dia 11 estejamos votando esse Projeto de Lei, que é de interesse, sim, da
Cidade.
Mas
quero alertar que tenho a esperança de que o Prefeito de Porto Alegre e o
Secretário da Saúde não contratarão mais ninguém através de carta-contrato,
porque estaremos dando a solução, que façam os concursos necessários.
Evidentemente que se não houver quem preencha as vagas, haverá problemas,
admitiremos. Mas que façam como fez o Governo do Estado, quando o Estado
precisou contratar professores em regime de emergência, o que fez? Um projeto
de lei à Assembléia Legislativa determinando as condições de contratação. Nós
estamos aqui, hoje, com o quórum de dezessete Vereadores e são os dezessete os
Vereadores que integram a Comissão Representativa. Ontem, nós votamos um
Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn e o resultado foi oito a oito e o
Presidente dos trabalhos, lamentavelmente, desempatou contra a Casa do Povo de
Porto Alegre, dando ganho de causa à bancada da situação. O Ver. Isaac Ainhorn
trouxe um belo Requerimento para que fosse analisado, no momento oportuno, no
momento certo: o que está acontecendo com o Orçamento Participativo? Nós
tínhamos dezessete Vereadores em Plenário, como hoje, também, o que é uma coisa
extraordinária.
Então,
no dia 11 de agosto, nobre Ver. Guilherme Babosa, espero que tenhamos condições
de enviar naquela mesma tarde, ao Prefeito, o Projeto de Lei, que será aprovado
por unanimidade por esta Casa. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra,
no tempo que lhe cede o Ver. João Dib, em Comunicações.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
agradeço a cedência de tempo do Ver. João Dib e já, de preliminar, informo aos
meus colegas de sodalício, que vou conceder apartes. Quero manifestar-me, ainda
no período de recesso parlamentar, período este que rigorosamente não existe,
porque esta Casa deu demonstrações de que trabalhou durante todo o mês em
questões da maior importância da vida da Cidade. Agora, eu não entendi, até
agora, e não é por falta de querer trabalhar, porque o Ver. José Valdir é tão
diligente e operoso, Ver. Adeli Sell, que ele vai até nas reuniões dos outros
partidos. É tão trabalhador, tão dedicado à causa pública e ao interesse
público que ele vai às reuniões dos outros partidos. Lá comparece e
democraticamente as pessoas o aceitam nas reuniões que não são do seu Partido,
e o recebem e parece que até direito a palavra concederam a ele. Mas eu não
entendo, eu não consigo compreender a estratégia da fase governista. O Prefeito
de Porto Alegre, economista, Raul Pont, eu não entendo, como é que o Prefeito
que colocou o seu mandato à prova de fogo afirmando que renunciaria ao seu
mandato se as denúncias formuladas pelo PMDB no opúsculo que o Ver. José Valdir
está com ele à mesa, se esse caderno não tivesse procedência, que renunciaria
ao seu mandato. Em contrapartida se estivessem erradas as acusações, que não
fossem procedentes ele gostaria de ver que os Deputados que o acusaram
renunciassem ao seu mandato. Eu propus apenas, Ver. Luiz Braz que a Câmara
intermediasse o exame das denúncias e da defesa, apenas isso eu fiz, apenas
isso eu requeri, apenas isso eu gostaria que esta Casa enfrentasse, que fosse à
rua, que fosse às bases, que fosse às vilas, que fosse aos bairros e examinasse
se as obras foram feitas ou não foram feitas; se as denúncias eram procedentes
ou não. E no entanto o meu Requerimento, de nº 163/99, foi derrotado, não só
derrotado, Ver. Luiz Braz, o PT articulou a sua maioria de Vereadores, não só
da sua Bancada como outros Vereadores que estavam no Plenário e votaram contra
a constituição dessa Comissão. Eu não consigo entender, porque quem não deve,
Ver. Guilherme Barbosa não teme o exame dos seus livros, da sua contabilidade,
das suas obras, não tem por quê, pode mostrar.
O
PDT foi várias vezes Governo no Estado do Rio Grande do Sul com Ernesto
Dornelles, Leonel Brizola, Alceu Collares. O PT requereu a célebre CPI da
propina, e o Governador do Estado, na época, Alceu Collares, solicitou ao seu
líder de Governo, na Assembléia Legislativa do Estado, que fosse o primeiro
signatário da CPI, e o Deputado João Luís dos Santos Vargas foi o primeiro a
assinar o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o Governo
do Estado. Se as obras foram realizadas, e as que não foram realizadas
encontram-se em andamento, e as que não se encontram em andamento encontram-se
sob licitação, conforme afirmativa do Prefeito Raul Pont, eu não consigo
entender por que a Bancada do PT votou contrariamente à criação de uma Comissão
temporária com Vereadores de todas os matizes políticos com assento nesta Casa
para que fossem às obras, aos locais indicados como referências de obras do
Orçamento Participativo e dizerem, num tom declaratório, se as obras foram
realizadas ou não, se as obras estão em andamento ou não, se as obras estão
licitadas ou não, para dizerem em que pé se encontram as obras.
Eu
não consigo, sinceramente, entender a lógica da base governista, a menos que o
Prefeito tenha orientado a sua Bancada para votar contra, porque ele não gosta
da Câmara Municipal. Ele já deu manifestações de que não é muito simpático a
legislativos, inclusive as suas recentes entrevistas foram dentro dessa linha.
Quando ele disse que estava aberto, convocando contadores, auditores, advogados
para que fossem visitar as obras, ele sequer teve a cortesia de respeito ao
Legislativo Municipal de pedir ao Legislativo, que tem a função maior, de
natureza fiscalizadora sobre os atos do Poder Executivo, de que submetia todas
as obras à disposição, ao exame, ao crivo do Poder Legislativo. Ele não teve
essa cortesia, nem cumpriu com o dever legal, porque a Câmara Municipal, ao
examinar obras, está cumprindo com o seu dever legal, porque a Lei Orgânica
estabelece que é competência privativa da Câmara Municipal de Porto Alegre o
exame, a fiscalização dos atos do Poder Executivo, e as obras, sejam elas
indicadas ou não pelo Orçamento Participativo, são de competência do Poder
Legislativo examiná-las e fiscalizá-las.
Não
pode abrir mão das nossas prerrogativas, sob pena de comprometermos a estrutura
da representação partidária, da democracia, do regime baseado na democracia
representativa. Não consigo, sinceramente, entender a lógica do Partido dos
Trabalhadores. Nenhum Vereador do PT veio à tribuna contestar esse argumento,
não encaminharam o Requerimento deste Vereador no dia de ontem. Simplesmente
votaram contra. Que lógica? Que argumentos? Não se falou. É o silêncio. É o silêncio
do autoritarismo. Autoritarismo é aquele regime contra o qual lutamos e
rejeitamos quando ele se apossou indevidamente do poder no dia 1º de abril de
1964.
Ver.
Cyro Martini, V. Exa. que é um Vereador integrante da bancada petista desta
Casa, ninguém mais do que outros Vereadores, sabe dos males do autoritarismo,
dos males da ditadura militar, dos prejuízos que causou à democracia, à
liberdade, perseguindo, torturando e matando. Agora, queremos restabelecer a
lei do silêncio, fazendo com que esta Casa se omita em examinar e cumprir as
suas precípuas obrigações? Que regime é esse!?
Não
consigo entender. Essa Casa é uma Casa operosa e trabalhadora e, como tal, não
consigo entender a lógica do Partido dos Trabalhadores, que se recusa em
colocar os dados, as informações à disposição desta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. José Valdir está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
pretendia falar sobre a matéria que saiu na Folha de São Paulo, sobre os treze
mil jovens que não deveriam estar presos, mas vou mudar de assunto, vou falar
sobre a questão do Orçamento Participativo, primeiro, porque não gosto de
deixar serviço pela metade e em segundo porque estou vendo que, de novo, os
mágicos da oposição, a cada momento tiram um coelho da cartola e fazem aquela
mágica de transmutação das coisas. Então, eles têm essa capacidade de fazer
esta mágica, mas não tem problema, porque eu já me imbui do espírito do “Mister
M” de desmascarar os mágicos.
A
primeira coisa que é dita: eles conseguem falar do instituto do Orçamento
Participativo, como disse o Ver. Reginaldo Pujol no início, como uma coisa
não-séria e não-transparente. Ora! não-séria e não-transparente. Quando foi que
algum governo nesta Cidade, poderia dizer no Estado do Rio Grande do Sul que
publicou a relação de obras, não só publicou, discutiu com a população? Podem
não gostar do instituto do Orçamento Participativo, mas foi discutido, e
publicou num caderno a relação de obras para que a população pudesse acompanhar
e, inclusive, fazer a crítica, inclusive para os Vereadores poderem ter acesso,
saber o que foi cumprido e o que não foi. Quando isso foi feito? Desafio os
Vereadores a me dizerem. O Ver. João Dib foi Prefeito e nunca fez isso. Aí vêm
dizer que há obras atrasadas e não-transparentes, que não veio dinheiro,
recurso. Só que está dito no início de todos os cadernos de onde vêm as obras,
está dito, por exemplo, no início - selecionei dois exemplos a esmo: Projeto
Pró-Moradia: aí tem o montante de financiamento da Caixa Econômica Federal e a
contrapartida da Prefeitura. Outro exemplo, o Pró-Saneamento, tem a
contrapartida da Prefeitura e o crédito que vem de dinheiro externo. E no
caderno, toda vez, a obra é anunciada; isso é transparente e todo o conselheiro
sabe disso quando aprova a obra. Por exemplo, pegando a esmo, no Beco João
Wallig, a obra de abertura e calçamento está condicionada à remoção de casas,
muros e cercas. Às vezes, as pessoas entram na Justiça e atrasa a obra. Outra
obra, Pró-Saneamento, que é a rede pluvial da Rua Maria Quitéria até a Rua
Barbacena, depende de recursos federais. Está tudo aqui no caderno, todas as
observações de forma transparente, para que a população possa acompanhar. E aí
é que está o dodói, e por isso que, quando vêm aqui falar, não relatam isso,
que é o fato da população saber por que a obra não está sendo executada. E
isso, às vezes, acontece porque alguém, no seu direito de cidadão, entrou na
Justiça para não tirar uma cerca, ou porque o governo federal não repassou o
recurso e aquela obra dependia disso. Se a obra depende de recursos federais e
eles não vêm, é óbvio que ela atrasa.
A
questão é a seguinte - e eu faço um desafio aqui: quando é que algum governo
publicou, para a população, a relação das obras, o tamanho, o custo, e
condicionamentos de execução da obra - como a dependência de tirar uma cerca,
ou dependência de um financiamento -, enfim, um cronograma para que a população
pudesse acompanhar? Quando? E mais: quando é que algum governo instituiu
comissão de fiscalização de obra, não só fiscalização por parte do Executivo,
mas fiscalização do povo que, por vezes, é a mais eficiente? Quando? Eu desafio
alguém a me dizer.
As
experiências de Orçamento Participativo que existiram no Estado e até fora do
Estado, foram experiências parciais ou episódicas. Como a experiência do
Collares, o tal de mutirão do Collares, onde a população discutia a verba
ínfima e não tinha poder de decidir nada, pois o Collares coordenava a reunião.
E, muitas vezes, eu via o Collares coordenando a reunião dizendo: “Meu filho,
tu já falaste demais, já falaste bobagem, passa o microfone para o outro”. Era
assim que o Collares coordenava as reuniões. Isso era o Orçamento Participativo
do Collares que o Ver. Isaac Ainhorn quer aplicar aqui.
O
Orçamento Participativo em outros locais foram experiências episódicas não
frutificaram, não tinham organização suficiente como a de Pelotas e como a
experiência de Lages, que foi uma experiência boa, mas, no meio da ditadura
militar, foi uma ilha.
Então,
não dá para comparar o instituto do Orçamento Participativo de hoje com essas
experiências parciais e episódicas, e fora disso, Ver. Isaac Ainhorn, essas
experiências parciais e episódicas, que eu acho que foram importantes e eu
sempre cito como antecedentes do orçamento, não existe nenhuma outra
experiência. O PMDB, a não ser por essa experiência de Lages que eles nunca
apoiaram enquanto partido, não pode falar em Orçamento Participativo e o PPB muito
menos, porque nunca fez Orçamento Participativo. Hoje o PPB e o PMDB são
governos em várias cidades, fiz esse desafio e continuo fazendo, onde é que tem
alguma forma de participação popular? Não existe, porque o PPB e o PMDB, como
partidos de direita, fogem da participação popular como o diabo, da cruz. Vejam
como isso é importante, quando falamos em qualidade de obras.
Se
tivesse Orçamento Participativo nos governos anteriores, a Santa Rosa não teria
ficado mais de vinte anos sem calçamento. Quando o Ver. Reginaldo Pujol foi
Diretor do DEMHAB, a Santa Rosa não tinha calçamento. No governo anterior ao do
Ver. João Dib foi feito o calçamento da Vila Ramos, é verdade. O projeto que
Arthur Zanella, Diretor do DEMHAB, fez sem consultar ninguém e passando por
cima da Comissão da Vila. E, por isso, Ver. João Dib, existem problemas
técnicos até hoje não resolvidos lá naquela vila. Alguns, a Administração
Popular já resolveu e outros ainda estão por serem resolvidos, inclusive aquele
beco em homenagem a V. Exa., o Beco João Antonio Dib, que é um problema, porque
fizeram uma barbeiragem técnica e que não faz jus ao grande Prefeito que foi V.
Exa. Agora, se tivesse uma participação popular, se tivesse uma comissão de
obras acompanhando, como nós temos, a crítica do povo não existiria.
Quero
responder ao Ver. Isaac Ainhorn dizendo que ele não nos pode criticar por
sermos competentes e nos articularmos no Plenário. Ele tem que fazer a
autocrítica, já que não foi capaz de sensibilizar a maioria da Câmara, a
maioria da Comissão.
Em
segundo lugar, Ver. Isaac Ainhorn, o Vereador tem que fiscalizar sempre, e o
Vereador não pode trabalhar só quando tem uma câmera de televisão, ou quando
tem uma Comissão para ele aparecer, porque se V. Exa. quisesse fiscalizar - e
qualquer Vereador que quiser fiscalizar as obras - poderia ir nas reuniões do
Orçamento, poderia sair daqui agora e visitar obra por obra, porque as obras
estão relacionadas no caderno, que vocês tanto criticam. É só ir lá, ver e vir
aqui, porque aqui tem espaço para fazer as denúncias. Não fazem porque os
Vereadores da oposição são movidos a câmeras de televisão. Para fazerem o seu
trabalho de fiscalização têm que ter uma câmera de televisão. Por isso, se
quiserem cumprir o seu dever, vão lá fiscalizar. Está aqui a relação das obras,
está tudo aqui publicado no caderno. É só sair e verificar. Não precisa de
Comissão, Vereador, é só querer ir, é só querer trabalhar porque as obras estão
todas relacionadas aqui. Toda a população de Porto Alegre pode acompanhar. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu queria apenas
formalizar...
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, de acordo com as
alterações do novo Regimento é cogente que V. Exa. cite o artigo em que se
baseia para fazer a Questão de Ordem.
O SR. ISAAC AINHORN: No artigo que fundamenta os casos omissos
do Regimento. Eu não tenho aqui o número do artigo.
O SR. PRESIDENTE: Diria a V. Exa. que o Regimento foi
alterado, recentemente. Então pediria que V. Exa. verificasse para que possamos
conceder a Questão de Ordem.
O SR. ISAAC AINHORN: Para um esclarecimento, Sr. Presidente.
Vereador, quero informar que o meu Requerimento tinha o objetivo de a Câmara
Municipal examinar as obras e estabelecer um juízo, na condição de árbitro de
uma polêmica...
O SR. PRESIDENTE: Vereador, isso não é um esclarecimento e
V. Exa. está, na verdade, contestando os argumentos do orador.
Eu
vou agora usar a tribuna, se V. Exa. quiser, eu concedo um aparte.
(O
Ver. Adeli Sell assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra em Comunicações.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
verdade, quero tratar da questão da privatização dos bancos públicos, principalmente
Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Mas
não poderia, tendo em vista o pronunciamento do Ver. Isaac Ainhorn e do Ver.
João Dib, que já deixou o Plenário neste momento, deixar de contestar os
argumentos colocados relativamente à saúde e à questão do Orçamento
Participativo.
O
Ver. Isaac Ainhorn, de uma forma absolutamente enviesada, e buscando uma certa
promoção, entra num debate que não tem nenhum viés da sua posição política ou,
ao menos, da agremiação que faz parte e é filiado desde a fundação.
Nós
temos que distinguir aqui, Ver. Isaac Ainhorn, a luta que fazem os deputados
mais conservadores da Assembléia Legislativa, Mário Bernd, e esse outro que se
elegeu com o apoio, abro aspas, duvidoso da CORSAN, de quem não me recordo o
nome e não me interessa recordar, mas que se via, por toda a Cidade, que não
teria recursos para fazer a campanha que fez. Hoje, esse Deputado que quer ser
Vereador, que quer manter o sistema clientelista, um sistema onde não haja a
participação popular, pois que nós podemos ver em qualquer elaboração
orçamentária, que onde há a participação popular há menos caso de corrupção,
esses deputados fazem essa disputa hoje porque têm medo, eu já disse, de
desaparecerem da cena política deste Estado.
Este
é o Estado, possivelmente, mais politizado deste País, onde não se discute se a
pessoa é alta ou é magra, que cor que possui. Aqui se discute projeto político.
Isso é um avanço que conseguimos, tanto nós que defendemos uma posição, quanto
o Ver. Luiz Braz e seus companheiros que defendem a posição mais conservadora.
Nesse
debate, esses parlamentares que estão desesperados porque sentem que lhes falta
o chão, porque sentem que vão desaparecer da cena política, investem contra uma
experiência absolutamente revolucionária, uma experiência que vem proteger o
patrimônio público, uma experiência que visa à participação popular, diminuindo
os casos de corrupção.
O
Ver. Isaac Ainhorn, velado, de forma enviesada, buscando promoção pessoal,
entra nesse debate, sem o apoio do seu Partido, porque o seu Partido tem outra
posição.
Ver.
Isaac Ainhorn, a posição de V. Exa. de engessar o Orçamento Participativo - já
lhe disse - é uma posição de quem não confia na auto-organização do povo, de
quem considera que só aqui, no parlamento, aprisionando a lei ao direito
positivo, é que nós vamos regrar a sociedade. Este País tem feito isso, por
exemplo, nas transições políticas, como fez na morte de Tancredo Neves, com
soluções dentro do Congresso para que o povo não pudesse avançar nas reformas.
V. Exa., que, tristemente, mereceria uma missa de réquiem, faz um papel que não
é do seu jaez, faz o papel da extrema direita, que está com medo - repito - de
desaparecer da cena política, que está dando, como se diz na fronteira - V.
Exa. é de lá; tem, inclusive terras lá -, “manotaços de afogado”, porque sentem
que lhes falta o chão, investem contra uma experiência de forma não
consentânea, de uma forma desvinculada da nossa sociedade, da nossa realidade.
Essa proposta é, hoje, reconhecida nacionalmente, internacionalmente; essa
proposta é copiada por países do Primeiro Mundo, e, aqui, alguns parlamentares
“tupiniquins”, com sentimento absoluto de sobrevivência política, para receber
seus subsídios no final do mês, porque não têm uma profissão, vêm investir
sobre uma proposta, absolutamente revolucionária, de gestão pública.
Ver.
Isaac Ainhorn, V. Exa., tristemente, entra nesse bloco, de forma enviesada, e
vem dizer que esta Câmara não quis aprovar o seu Requerimento. Esta Câmara
decidiu democraticamente; foi no voto. Eu, na presidência dos trabalhos, não
deveria sequer colocar em apreciação o seu Requerimento, porque ele não tinha
urgência, mas o fiz, de forma democrática, porque poderia impedi-lo. Não
impedi, e disse isso a V. Exa. Ele foi apresentado e votado aqui. Nós não
estamos com medo, não, Vereador. Há pouco, o Ver. José Valdir lia para V. Exa.,
como exemplo, sobre uma obra na Av. João Wallig. Eu quero dizer que a
realização dessa obra foi colocada no orçamento por proposta deste Vereador,
como delegado do Orçamento Participativo. Essa obra só não foi realizada porque
há a necessidade de que sejam recuados muros para que possa ser feito esse
passeio e isso fica exatamente entre as ruas Roque Callage e João Wallig. Essas
obras elencadas, que não foram realizadas - V. Exa. é Bacharel em Direito e
sabe que se há uma ação judicial, como houve a do Ver. Antonio Hohlfeldt, que
sustou a construção de um Projeto habitacional na Vila Jardim, e que o Poder
Judiciário, agora, recentemente, acabou, em decisão de mérito, em decisão
final, entendendo da improcedência de que não se fizessem aquelas obras da Vila
Jardim -, agora estão reiniciando.
Ver.
Isaac Ainhorn, quero dizer a V. Exa. que sinto pelo seu passado como militante
da Juventude do Julinho, que venha hoje se ombrear com os setores mais
conservadores, mais retrógrados, mais desvinculados do sentimento que existe
hoje nesta Cidade e neste Estado, reconhecido, inclusive pela SBPC, que
realizou recentemente seu Congresso aqui, e que reconheceu, na prática do
Orçamento Participativo, não vinculado à lei, mas auto-regulamentado pela
população, como um avanço que deve ser copiado pelos municípios brasileiros.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu gostaria de informar, em primeiro lugar, que a maioria das
zonais do PDT de Porto Alegre entende que o Orçamento Participativo deve ser
legalizado, e V. Exa. receberá manifestação formal nesse sentido,
oportunamente.
Em
segundo lugar, no Congresso realizado pelo meu Partido, a Comissão que examinou
a legalização do Orçamento Participativo, por unanimidade, aprovou a sua
legalização. Portanto, quero reiterar, dizendo que o Orçamento Participativo,
no meu entendimento, é uma boa contribuição que o Governo de V. Exa. deu à
sociedade. É tão boa que eu quero transformá-lo em lei.
De
outro lado eu queria que esta Casa figurasse, intermediando e dizendo as obras
que foram feitas, e as que não foram feitas não o foram por tal ou qual razão,
valorizando e nobilitando o papel desta Casa. Infelizmente a maioria da Casa
entendeu de não tomar essa medida, e V. Exa. sabe que a Procuradoria desta Casa
entendeu como legal e regimental o meu Requerimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Isaac Ainhorn, as suas
justificativas em cima de uma tautologia comezinha apenas busca escamotear os
seus desideratos que são de engessar a peça do Orçamento Participativo. V.
Exa., neste momento, nessa quadra da história, se coloca contra a população de
Porto Alegre. É a minha opinião.
Eu
quero comentar brevemente as questões hoje colocadas na Folha de São Paulo
sobre privatização de bancos. Esse Governo do Presidente Fernando Henrique
Cardoso, que já vendeu quase tudo, a Vale do Rio Doce, por determinação do FMI,
para que entrassem as ações na ciranda financeira, já vendeu a TELEBRAS, e o
Ver. Reginaldo Pujol, que defende as idéias liberais, e o faz com qualidade,
sabe que o Governo brasileiro investiu vinte e um bilhões seis meses antes de
privatizar a TELEBRAS, que vendeu por menos de 15 bilhões de reais. Depois disso,
agora, investe contra os bancos públicos. O Presidente do Banco do Brasil,
recém indicado, de nome absolutamente conhecido, Paolo Zaghen, mal assumiu, já
se comprometeu com a tese da privatização do Banco do Brasil.
Eu
pergunto, Ver. Luiz Braz, que se preocupa com a habitação: o Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal serão privatizados. Quem vai financiar a habitação?
Quem vai financiar a produção? Isso só demonstra que o Governo Fernando
Henrique Cardoso, cuja campanha já está colocada na rua - “Fora FHC, fora FMI!”
- absolutamente submetido a todas as determinações do FMI, do G-7, não tem
compromisso com a nação brasileira. Ele quer colocar milhões e milhões na
amargura do desemprego.
Aqui,
na Grande Porto Alegre, já temos quase quinhentas mil pessoas desempregadas.
E
agora também querem privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal.
Não sei mais o que eles não vão privatizar! É hora de o povo clamar na rua:
“Fora FMI, fora FHC!”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.).
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em
Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois
Vereadores, que eu admiro por motivos diferentes, cometeram erros crassos, aqui
nesta tribuna, ao se pronunciarem. Um deles, o Ver. Juarez Pinheiro, que eu
admiro como meu amigo, companheiro de Mesa que foi no ano passado, como uma
pessoa honesta e como um grande conhecedor do Direito. Ele vem a esta tribuna e
fala que o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn só foi apreciado por este
Plenário, porque ele, que presidia a Sessão, assim o quis. E V. Exa., Ver.
Juarez Pinheiro, que é um dos grandes conhecedores do nosso Regimento, sabe
muito bem que o poder soberano da Câmara é o Plenário. Qualquer Vereador, que
se sentir atingido em seus direitos, poderá apelar para o recurso maior que nós
temos, que é o Plenário. Todos nós respeitamos o Presidente da Casa e dos
trabalhos, mas não precisamo-nos submeter à vontade do Presidente. E o Ver.
Juarez Pinheiro, com todo o seu conhecimento, sabe disso. Nós podemos pedir
sempre o recurso do Plenário.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Luiz Braz, eu pediria a V. Exa., que tem sido comigo sempre
elegante nas colocações e o faz, agora, de forma qualificada, quando me questiona,
que não coloque em minha boca o que eu não disse. O que eu disse é que aquele
Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn era um Requerimento que não preenchia as
disposições do Regimento. V. Exa., que foi Presidente da Casa, sabe que um
projeto que é absolutamente constitucional, o Presidente da Casa pode recebê-lo
e colocá-lo na Ordem do Dia. Ele tem este poder e se ele quer vem ao Plenário.
Aquele Requerimento, e quem faz a Ordem do Dia é o 1º Secretário, ele poderia
não colocá-lo na Ordem do Dia. Eu tive posição contrária e, enquanto
Presidente, reuni a Diretoria Legislativa, a Procuradoria, que tiveram
entendimento contrário ao meu, e eu o coloquei. Não quis dizer que eu havia
decidido, mas quero dizer que V. Exa. se equivoca quando diz que o Presidente
não tem competência para não incluir. O Presidente tem competência, porque, se
entender que não está adequado para a Ordem do Dia, pode não colocar.
O SR. LUIZ BRAZ: V. Exa. sabe muito bem que qualquer
entendimento que tiver o Presidente da Casa ou a Mesa Diretora da Casa, cabe ao
Vereador, se ele se sentir atingido no seu direito, apelar ao Plenário. O
Plenário é o recurso final. O poder maior que nós temos na Casa, é o Plenário,
não é o Presidente ou a Mesa. O poder maior é o Plenário. E eu não estou falando
isso em detrimento a ninguém. Estou falando isso, porque é a verdade regimental
que nós temos.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Esse dispositivo que permite a criação de comissão temporária,
durante o período do recesso, é novo no Regimento. Eu fiz o Requerimento,
consultei o Presidente em exercício, na oportunidade, Ver. Adeli Sell e ele
consultou a Diretoria Legislativa e esta confirmou: o Requerimento é legal e
regimental. Depois de eu ter essa declaração é que eu ingressei com o
Requerimento. Só a posição do Ver. Juarez Pinheiro foi contrária e a
Procuradoria também entendeu que era constitucional, como ele próprio,
honestamente, reconheceu.
O SR. LUIZ BRAZ: O Plenário também reconheceu a legalidade
do seu Requerimento, votou e, soberanamente, resolveu que não acatava o seu
Requerimento. Democraticamente, acho que todos nós temos que acatar a vontade
soberana do Plenário.
Outro
Vereador que eu admiro, por motivo diferente, aprendi a conhecer o Ver. José Valdir
no movimento comunitário. É um homem elegante, honesto, bom companheiro. O
movimento comunitário respeita o Ver. José Valdir. Só que ele, quando fala do
Orçamento Participativo, eu não sei por que, omite um detalhe que é
extremamente importante, quando o analisamos. O Ver. José Valdir fazia uma
crítica àquelas gestões anteriores à petista, aqui em Porto Alegre.
Ver.
José Valdir, V. Exa. sabe muito bem que, antes da Constituição de 1988, os
recursos estavam concentrados no Estado e na União, o município recebia muito
pouco. Só para lembrar, a Constituição de 1988 criou vários impostos, como por
exemplo, o ITBI que trouxe recursos para o município e V. Exa. se lembra muito
bem que em 1989 nós votamos aqui na Casa e modificamos e colaboramos com uma proposta
de alteração do projeto tributário para Porto Alegre. Naquela alteração, nós
fizemos algo que o Partido de V. Exa. impedia que se fizesse em gestões
anteriores, que era uma alteração com relação ao IPTU. O IPTU, naquela época,
representava apenas 4% da arrecadação do Município e V. Exa. sabe muito bem que
nesses anos todos a progressão da cobrança do IPTU. Hoje, o IPTU representa 14%
na arrecadação do Município, e o Governo de V. Exa. já tem uma proposta, que
foi anunciada ontem pelo Sr. Prefeito Municipal, de aumentar o IPTU, fazendo
com que ele represente mais do que os 14% na arrecadação global do Município.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. tem razão, o IPTU pela irresponsabilidade dos governos da
ditadura, até pela facilidade de receber dinheiro diretamente de Brasília,
deixaram o IPTU cair a esse nível de que fala V. Exa.
Outra
questão que V. Exa. deveria incluir no seu pronunciamento é que é verdade que,
não só para Porto Alegre, mas para todo o Brasil, a Constituição de 88 criou
novos impostos, mas V. Exa. esqueceu de dizer que criou outras competências
também. Todo o processo de municipalização, quando os municípios passaram a ter
atribuições que antes não tinham, justificou a criação desses novos impostos.
Esses impostos não vieram do nada, vieram porque os municípios passaram a ter
novas competências.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. José Valdir, quero informar que a
Dr.ª Dilma Linhares, então a Secretária da Fazenda no Governo Collares, esteve
aqui na Câmara Municipal fazendo uma grande discussão a respeito de um aumento
no valor venal dos imóveis, para que pudéssemos, então, ter um aumento na
cobrança do IPTU. Lembro que o Partido de V. Exa., que tinha um representante
naquela época, o Ver. Antonio Hohlfeldt, seguindo orientação partidária, foi
extremamente contrário a que se mexesse no IPTU. Não foi apenas incompetência
dos governos anteriores, foi também uma prática do Partido de V. Exa., que
sempre quer impedir que os administradores possam fazer alguma coisa, para
ficar naquela política de “quanto pior, melhor”, que, infelizmente, é uma
política praticada pelo Partido de V. Exa. não apenas aqui no Rio Grande do
Sul, mas em todo o território nacional.
Ver.
José Valdir, o assunto que me trouxe à tribuna - só fiz essas referências por
considerar muito V. Exa. e o Ver. Juarez Pinheiro - é uma matéria que está na
página vinte do Jornal Zero Hora, que diz que quatro crianças indígenas da
tribo dos caingangues morreram de desnutrição. Motivo: o corte no programa do
leite pelo Governo do Estado. Esse corte do Governo do Estado. Esse corte do
Programa do Leite que está atingindo as crianças de Nonoai e que já provocou a
morte de quatro crianças indígenas, tenha a certeza, Ver. José Valdir, não vai
atingir, apenas, a população indígena de Nonoai. Esse corte no Programa do
Leite, pelo Partido de V. Exa., vai atingir muitas das crianças lá da vila que
V. Exa. reside, lá da Santa Rosa, lá onde resido, a Glória e que V. Exa. sabe
que são regiões pobres da Cidade. Temos muitas vilas pobres e crianças pobres
que dependiam do Programa do Leite e que ficaram sem esse Programa e que, por
isso mesmo, correm o mesmo perigo dessas crianças indígenas da Tribo dos
Caingangues, lá de Nonoai. Vamos esperar que o Sr. Governador do Estado possa
repensar essa política da saúde e, na verdade, não confunda maracutaia com
ações legais em prol da comunidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, Questão de Ordem
fundamentada no art. 94, parágrafo 1º, letra “b”, do Regimento.
Gostaria
de promover uma retificação formal da Ata conquanto a mesma refere no seu
cabeço; “Ata da 13ª Reunião Ordinária, da 3ª Comissão Representativa, da 12ª
Legislatura, em 14 de junho de 1999.” Leia-se 14 de julho de 1999. E após a
informação: “Face à Questão de Ordem formulada pelo Ver. Isaac Ainhorn, o Sr.
Presidente prestou esclarecimentos acerca da possibilidade de instalação de
comissão temporária durante o período de funcionamento da Comissão Representativa.”
Isso em 14 de julho e não 14 de junho como está na Ata.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Vereador, esta é uma retificação formal e
da minha competência decidir sobre ela, e, nesse sentido, solicito à Diretora
Legislativa que determine a retificação da Ata.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra no período de Comunicações
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
aguardei até o presente momento para me manifestar, ainda que durante várias
das manifestações que ocorreram nesta manhã-tarde aqui no nosso Legislativo
tenha havido manifestações diretas, que eu não entendi como provocativas, no
sentido negativo, mas como um convite para que nós ingressássemos numa
discussão de determinados assuntos que foram colocados, aqui, na Casa, durante
o dia e que evidentemente nós, na Comunicação anterior, não quisemos
enfrentá-la pela prioridade que sempre procuramos dar aos temas do Município,
responsabilidade direta da nossa condição de Vereador na Capital do Estado do
Rio Grande do Sul.
Lembro-me,
entre outras coisas, da correção ou do corretivo que me passou o Ver. José
Valdir de que eu havia colocado no meu pronunciamento que faltava seriedade no
Orçamento Participativo e que nada era mais sério do que esse Orçamento
Participativo, tanto que era divulgado amplamente as coisas que pretensamente
haveriam de ser executadas, pretensamente é colocação minha. Pretensamente
haveriam de ser executadas pelo programa de investimentos decorrentes das
demandas populares colhidas nas várias instâncias do Orçamento Participativo.
Disse
mais, ainda, o Vereador, que em momento algum o Governo tinha tido esse tipo de
transparência. Eu quero dizer, honestamente, até pelo carinho que tenho ao Ver.
José Valdir, que ele tem razão nesse particular. Pelo menos dos Governos que eu
participei, Vereador, nunca procederam desta forma. Eu nunca fiz anúncio de
obras cujos recursos eu não tivesse obtido, cujo o recurso estivesse sendo
objeto de tratativa junto a qualquer organismo, qualquer segmento econômico que
financie obras dos municípios, do Estado e da União. E eu não estou dizendo
isso, Ver. José Valdir, de forma oportunística. Não estou. No ano passado,
quando nós discutimos o orçamento deste ano, eu fiz um amplo exame sobre a
proposta orçamentária e demonstrei a grande dependência que o Município tinha
com relação aos seus investimentos. Dado que mais de 80% dos investimentos do
Município eram dependentes de recursos transferidos através de financiamentos
da Caixa Econômica Federal, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, do Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento e do próprio
Banco Interamericano de Desenvolvimento. O Município jogou todo o seu projeto
de investimento nesses recursos, muitos dos quais ele não tinha contratado.
Ver. José Valdir, V. Exa. merece todo o meu
respeito, nós nos conhecemos numa situação absolutamente transparente, V. Exa.
era líder comunitário e eu era Diretor do Departamento Municipal de Habitação,
V. Exa. fazia oposição cerrada à Administração Municipal e nunca foi obstado de
dialogar conosco no DEMHAB, porque achamos que V. Exa., de forma equivocada, do
nosso ponto de vista, age corretamente quando luta pelas posições que defende.
Esse é um direito que reconheço em todos. Eu digo que falta critério e seriedade
quando a gente, sem contratar um recurso, anuncia que vai fazer uma obra, que é
dependente da contratação de um recurso, aí eu digo que o Orçamento
Participativo falha.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, em toda a discussão está presente que a obra só sairá se
o recurso efetivamente existir ou vier para o Município, além disso quando a
obra é listada com a observação “dependendo de recurso de tal fonte”, eu acho
que é absolutamente sério e transparente.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço V. Exa., mas o senhor sabe que
não é isso que ocorre, dizem à opinião pública que é repasse do Governo
Federal. Repasse é aquela verba comprometida constitucionalmente dentro do
ordenamento jurídico do País que obrigatoriamente tem que vir para o Município.
Agora, obras de financiamento são contratadas mediante determinadas
circunstâncias, inclusive, já no final do ano passado, modificaram-se,
interromperam-se por uma nova orientação seguida pela Caixa Econômica Federal e
pelos agentes de financiamento do Governo Federal.
A
mesma coisa ocorre com os recursos provindos de financiamentos internacionais.
Faz três anos que consta no Orçamento recursos para serem aplicados na III
Perimetral, e até agora não houve um metro quadrado de obra na III Perimetral.
Está na fase de discussão do projeto, para saber se efetivamente se aquilo que
é anunciado vai ser tecnicamente viabilizado, para só depois se contratar as
empresas que irão iniciar o primeiro trecho, que já deveria ter sido começado,
segundo os orçamentos do Município, Orçamento que afirmadamente é discutido
pelas bases. Há três anos as obras da III Perimetral já deveriam ter iniciado,
e ainda não o foram. Estamos entrando no mês de agosto de 1999 e os orçamentos
de 1997, 98 previam recursos a serem conquistados para a execução desta obra.
Neste
particular os orçamentos do Município, entre os quais o Orçamento
Participativo, como decorrência, são enganosos, faltam-lhes critérios, não são
sérios, induzem a população - especialmente da periferia da Cidade - a
acreditar que estão decidindo sobre coisas que efetivamente não podem decidir.
Falei várias vezes nessa mesma linha dessa mesma tribuna. Não se pode dizer
para a população que ela pode priorizar uma demanda se essa demanda, para ser
executada, vai depender de uma avaliação técnica e da concessão de um
financiamento por um órgão fora da Administração Municipal. E isso foi feito em
profusão. Daí a grande defasagem, daí essa circunstância que temos hoje, com
obras demandadas em 1995 e que não foram, sequer, iniciadas, e que nem em cem
anos serão iniciadas.
O Sr. Cyro Martini: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.)
Tenho duas observações em
relação ao pronunciamento de V. Exa., a quem eu respeito como pessoa séria e
plenamente responsável, que são: quando diz não haver critério para a definição
de obras, isso significa que V. Exa. não tem a oportunidade de acompanhar os
trabalhos do Orçamento Participativo de regiões, como a região do Partenon,
onde são, plenamente, definidos, inclusive, previamente, os critérios
específicos da região e seguem, de resto, os critérios definidos pelo Conselho
do Orçamento Participativo. E de outra parte, como V. Exa. fala sobre a
seriedade, eu acho que não está se referindo, especificamente, aos Conselheiros
e ao trabalho deles.
O SR. REGINALDO PUJOL: Evidentemente que não. Falta seriedade a
quem induz os Conselheiros à falsa impressão de que eles estão decidindo sobre
o que eles não podem decidir. Não é sério quem coloca a possibilidade de a
população demandar sobre matéria que ela não pode demandar. Não é sério, pois
quem tem participação tem que decidir sobre qual é a obra de saneamento que vai
fazer, se essa obra é dependente de recursos do pró-saneamento, que é recurso
que o Município não dispõe e que ele não pode antecipadamente comprometer. Ele
primeiro tem que obter o financiamento para depois abrir esta possibilidade
para a população se manifestar.
Concluo,
Sr. Presidente, afirmando, categoricamente: falta seriedade nesse tipo de
procedimento. Agradeço ao Ver. Cyro Martini pelo seu aparte, porque essa falta
de seriedade no procedimento não deve ser imputado aos valorosos integrantes
das várias instâncias do Orçamento Participativo, que no desejo de exercitar um
direito que lhes é oferecido, vêm demandar sobre aquilo que não pode demandar. Muito obrigado
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Sr. Cyro Martini está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, conquanto
tenha predominado na reunião de hoje, o tema Orçamento Participativo, nas
discussões e nos pronunciamentos que ocorreram nesse Plenário, não compareço a
esta tribuna, embora o assunto seja palpitante, candente e exija que se
manifeste acerca dele, não é esse o propósito.
Nós
estamos na Semana do Motorista, de 18 a 25 de julho. Domingo, dia 25 de julho,
é o Dia de São Cristóvão, que é o padroeiro dos motoristas. Nós, que temos um
apreço especial pelas atividades próprias do trânsito, nós que dedicamos boa
parte da nossa vida pública à administração do trânsito, temos que registrar
aqui a nossa lástima por não vermos, como fazíamos - e fizemos por longos anos
no DETRAN antigo -, promoverem, como recurso pedagógico, não festivo, como
recurso educativo, a Semana do Motorista.
A
Semana do Motorista proporciona um recurso gratuito, não há necessidade de se
empenharem recursos públicos para se promover uma atividade que vem plena de
valores que podem ser utilizados para se encaminhar, no sentido de promover não
apenas a formação do caráter da juventude, mas especialmente na transformação,
na modificação do comportamento dos nossos motoristas e dos nossos pedestres.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, não podemo-nos esquecer disso que foi uma criação
nossa, do DETRAN do Rio Grande do Sul, e que hoje se estende por todo o
território nacional, que é a Semana Nacional do Motorista. Por isso, eu insisto
em registrar esta minha inconformidade, por não ver esse evento desenvolvido no
nosso Estado. Nós criamos a Semana do Motorista graças à Resolução 520 - se não
me engano - do Conselho Nacional de Trânsito, na década de 70. Da Semana
Nacional de Trânsito, de 18 a 25 de setembro, dali retiramos a Semana Estadual
do Motorista e, a partir dali, desenvolveu-se a escolha de motorista-modelo. É
uma maneira de se promoverem os valores positivos e os valores de referência
que devemos ter no trânsito, pois queremos um trânsito em que haja ordem e
segurança, não somente em relação às multas, mas à vida humana.
Por
isso, Sr. Presidente, quero enfatizar e deixar registrado que lastimamos não
ver, neste ano, desenvolvida a Semana do Motorista, não em caráter festivo como
procedem muitas entidades que o fazem de modo correto, mas como instrumento
pedagógico para se modificar o comportamento no trânsito e erradicar esses
números aterradores apresentados pela estatística viária.
A
educação não recebeu, Sr. Presidente, a atenção devida, embora seja um dos
componentes do tripé administrativo do trânsito de importância reconhecida
internacionalmente de há muito tempo. E eu disse, repito e insisto nesta
tribuna, escrevi em mais de um órgão de imprensa, por que não desenvolvem a
educação para o trânsito e por que ela não está no rol daquelas atividades que
se prestam à mercantilização do trânsito.
O
trânsito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lastimavelmente, repito e vou
repetir insistentemente, enquanto o trânsito não voltar a ser o que ele é, isto
é, uma atividade de polícia administrativa, isto é algo que jamais pode ser
mercantilizado.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Faço este aparte para lhe fazer justiça. V. Exa. está sendo
extremamente coerente com a linha de pronunciamento que tem sustentado durante
esses três anos, com a qual eu não concordo integralmente, mas V. Exa., com
muita lucidez, tem colocado, sistematicamente, essas mesmas posições. A
afirmação de V. Exa. de que não há prioridade na educação de trânsito nas
decorrências da aplicação do Código Nacional de Trânsito é absolutamente coerente
e, sobretudo, verdadeira. Esse tema que V. Exa. aborda no final da nossa
Sessão, com a platéia até pouco condizente com a beleza do seu pronunciamento,
deve ser mantida num debate para que aprofundemos mais ainda na busca dessa
reversão de posições que V. Exa. questiona e que eu considero absolutamente
certo. Tem que dar prioridade à educação, acima de qualquer outra postura que
possa ser decorrência da aplicação deste Código Nacional de Trânsito.
O SR. CYRO MARTINI: Agradeço a V. Exa. pelo aparte. Mas eu
não diria, se V. Exa me permite, que a educação deva ser priorizada, ela deve
receber o mesmo tratamento da engenharia, do policiamento e, por seu turno, a
educação.
Para
encerrar, Sr. Presidente, lamentavelmente, a educação embora esteja contemplada
e muito bem contemplada, muito bem assinalada no Código Nacional de Trânsito em
vigor, não recebeu o mesmo tratamento que as outras áreas da administração do
trânsito, porque, repito e insisto, não se presta à mercantilização, isto é,
não pode ser transformada em mercadoria. É lamentável que o trânsito tenha
deixado de ser um serviço de atividade de polícia administrativa como o define
a Constituição Nacional e o Direito Administrativo, para se transformar numa
mera mercadoria, alvo de negócio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se
a Reunião às 13h09min.)
* * * * *